Centeno diz que compromissos do Estado evitam liquidação do Novo Banco mesmo no pior cenário
30 de mai. de 2018, 11:38
— Lusa/AO online
“Era
preciso garantir que se afastava o cenário de liquidação do Novo Banco e
todos os compromissos que o Governo assumiu foram com um objetivo, para
preservar a estabilidade financeira em Portugal. Era preciso afastar,
mesmo nos piores cenários, o cenário de liquidação do Novo Banco”, disse
hoje Mário Centeno no parlamento, numa audição na comissão de Orçamento
e Finanças pedida pelo CDS-PP para que o ministro dê explicações sobre o
Novo Banco e a injeção de dinheiro público na instituição.Segundo
o governante, o objetivo último do Governo é “afastar o processo de
liquidação” do Novo Banco, uma vez que considera que sem isso todo o
sistema bancário fica em causa.“As
situações de contágio no sistema financeiro são de tal monta que se não
estivermos dispostos a fazer tudo para preservar essa estabilidade
pomos em rico o sistema financeiro”, vincou.Já
o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Mourinho Félix,
considerou que o uso desta garantia tem uma "probabilidade baixa",
considerando-a fundamental para "garantir que o Novo Banco não será
liquidado em nenhuma circunstância".Mourinho
Félix explicou que o compromisso do Estado de que poderá recapitalizar
diretamente o Novo Banco caso seja necessário é um “backstop” que
garante que, “no pior cenário possível, caso acionistas não estejam
disponíveis para aportar capital ao banco, caso não haja no mercado
gente interessada em aportar capital, o Estado português nunca deixará
que o banco seja liquidado”.É
que, considerou, caso houvesse uma liquidação do banco haveria efeitos
de contágio no sistema financeiro, mas também “impactos diretos e
materiais” quer nos outros bancos quer nas empresas.O
Novo Banco foi criado em agosto de 2014 na sequência da resolução do
Banco Espírito Santo (BES), detido pelo Fundo de Resolução Bancário
(entidade na esfera do Estado financiada pelas contribuições dos
bancos). Em
outubro de 2017, foi vendido ao fundo de investimento norte-americano
Lone Star em 75%, ficando o Fundo de Resolução bancário com os restantes
25%.A Lone Star não pagou qualquer preço, tendo acordado injetar 1.000 milhões de euros no Novo Banco, o que já aconteceu. Contudo, mesmo depois da venda, o Estado mantém compromissos para com a instituição.Na
venda foi acordado um mecanismo de capitalização contingente que prevê
que, durante oito anos, o Fundo de Resolução possa compensar o Novo
Banco por perdas de capital num conjunto de ativos 'tóxicos' e
alienações de operações não estratégicas (caso ponham em causa os rácios
de capital da instituição), no máximo de 3,89 mil milhões de euros.A
semana passada foi concretizada já a recapitalização do Novo Banco ao
abrigo deste mecanismo em 792 milhões de euros, tendo para isso o Fundo
de Resolução pedido emprestado mais 430 milhões de euros ao Estado.Contudo,
mesmo após isto, o Novo Banco ainda poderá requerer mais 3.000 milhões
de euros para se recapitalizar nos próximos anos.Além
deste mecanismo de capitalização, no acordo entre o Governo e a
Comissão Europeia em que esta aprovou a venda do Novo Banco, o Estado
português comprometeu-se com uma intervenção pública direta para
recapitalizar o Novo Banco num cenário adverso, caso a instituição
precise de capital e os investidores não estejam dispostos a
recapitalizá-lo. O
CDS-PP, o PSD e o Bloco de Esquerda acusaram hoje o Governo de não ter
dado a conhecer esta garantia pública, referindo que tal apenas foi
divulgado pela Comissão Europeia. O PCP considerou que uma
recapitalização pública direta "sem limite" não é aceitável numa
instituição privada.