Centenas testados pela primeira vez no arranque do rastreio em Ponta Garça
Covid-19
19 de jan. de 2021, 15:44
— Lusa/AO Online
Equipados com os fatos ou batas,
máscaras e luvas, alguns com viseiras ou óculos de proteção, a
apresentação dos profissionais de saúde seria peculiar há um ano, mas,
dez meses depois de vida em pandemia, já se tornou familiar.A
operação arrancou com tranquilidade. Esta é, afinal, a segunda vez que a
Autoridade de Saúde Regional decreta um esforço de testagem massiva
naquela freguesia de Vila Franca do Campo, depois de terem sido feitos
rastreios à Covid-19 em todas as escolas do concelho, bem como na Vila
de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande.Desta
vez, serão submetidas a testes rápidos cerca de 2.500 pessoas das zonas
mais afetadas pelos surtos nas freguesias de Rabo de Peixe e Ponta
Garça, ambas sob cerca sanitária.Dos cerca de 3.500 habitantes de Ponta Garça, aproximadamente 1.000 serão submetidos ao rastreio de três dias, que começou esta terça-feira.Na
fila que se forma em frente ao polo de Ponta Garça da Escola
Profissional de Vila Franca do Campo, grande parte das pessoas será
testada pela primeira vez.“Estou aqui às escuras”, afirma Ricardo Pimentel, de 59 anos, que se submete pela primeira vez a uma zaragatoa.O teste traz uma “consciência mais limpa, para não infetar ninguém e a nós próprios”.Miguel
de Sousa tem 68 anos e foi chamado “de ontem para hoje” para se
apresentar naquela escola. Reconhece a importância de participar no
rastreio, porque a Covid-19 “é uma doença ruim” e é preciso “proteger aí
o pessoal”.Enquanto espera, o estreante
mantém-se calmo: “Estou bom agora, até me posso enervar quando entrar,
não sei… São coisas que a gente nunca pode prever”.Passa
um pouco das 09h15 quando chega mais uma
carrinha, ultimam-se os preparativos para começarem a chamar quem faz
fila desde antes das 09h00.Uma
profissional de saúde alerta para a necessidade de ser mantido o
distanciamento na fila e, como resposta, ouve um protesto que diz “já
estou aqui desde as 08h30!”.No fim da
fila, que, por esta altura, junta algumas dezenas de pessoas, Ana Sousa é
mais tranquila: “Estou aqui desde as 08h50, mas eu também moro aqui
perto. Como estava vendo chegar pessoas, para não ficar para trás,
chegámos um bocadinho mais cedo. Tudo se faz”.Ana Sousa, de 63 anos, também será testada pela primeira vez e
acha “bem” que se teste a população “para ver se essa doença acaba”.“Eu
já tinha pensado que fizessem um trabalho desses, para ver. Mesmo
assim, calhou, e a gente vai experimentar, porque a gente nunca sabe
quem é que está infetado”, afirma.Jéssica
Amaral, de 27 anos, está “um bocadinho ansiosa” com a ideia da
zaragatoa, mas tem “quase a certeza” de que o resultado do teste rápido
será negativo.“Não tenho sintomas, nem
nada disso. Até ao ponto de hoje, não tive contacto com nenhum
positivo. Já tive família e amigos que tiveram, mas nunca tive contacto
com eles antes de saberem que estava positivo”, garante.À
semelhança do que tem acontecido, no esforço de testagem que arranca
hoje nas freguesias de Ponta Garça e Rabo de Peixe, serão utilizados
testes rápidos.“Ao fim de 15 minutos, já
têm o resultado”, explica Pedro Santos, presidente do concelho de
administração da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel (USISM),
entidade que está a fazer os testes.Jéssica
Amaral precisa que, ao fim desses 15 minutos, o resultado seja
negativo. “Ainda hoje tenho de ir trabalhar”, explica a funcionária de
um supermercado.O administrador da USISM
lembra, no entanto, que “o teste rápido só serve para quando a pessoa
tem uma carga viral já elevada”, o que significa que “um negativo poderá
não ser um negativo”.Pedro Santos reforça
que, “numa fase de pandemia, um teste negativo, seja ele PCR, seja ele
rápido, não é um teste a dizer que a pessoa está livre”.“As
pessoas podem fazer a sua vida, contudo, têm de continuar a cumprir as
regras de segurança, que são: o uso de máscara, lavar as mãos, manter o
distanciamento social, não fazer convívios sociais, higienização das
próprias casas, obedecer às regras da Autoridade de Saúde, cumprindo o
confinamento a partir das 20h00, como está estabelecido, durante a
semana, não ir para espaços públicos com mais do que quatro pessoas, ou
seja, cumprir as regras de segurança, isso é o fundamental”, explica.Desde
sexta-feira que, por decisão do Conselho do Governo dos Açores, a ilha
de São Miguel está sujeita a uma série de medidas restritivas para
travar a pandemia, entre as quais a existência de cercas sanitárias nas
freguesias de Rabo de Peixe (Ribeira Grande) e Ponta Garça
(Vila Franca do Campo).Com a implementação
das cercas, que vigorarão até 22 de janeiro, fica proibida a circulação
e permanência na via pública e é determinado o encerramento dos
estabelecimentos de ensino, de restauração, bebidas, similares e cafés e
o cancelamento de todos os eventos culturais ou de convívio social
alargado, nestas duas freguesias da ilha de São Miguel.