Centenas de militares testam em Santarém apoio de emergência em cenário de catástrofe
22 de nov. de 2022, 17:29
— Lusa/AO Online
“Este exercício anual
[Fénix 22] conta com a projeção de capacidades que o Exército tem
disponíveis em todo o território e o mesmo decorre no âmbito de um
cenário de resposta à ativação do Plano Distrital de Emergência de
Santarém e que levou a que esses recursos fossem ativados e projetados
para o teatro de operações, neste caso na região de Constância e de Vila
Nova da Barquinha”, disse à Lusa o comandante da Unidade Militar de
Apoio de Emergência (UAME), Coronel Estêvão da Silva.O
objetivo destes exercícios, notou, é “treinar valências em conjunto,
garantir o aprontamento e a operacionalidade” da UAME no sentido do
Exército poder responder aos desafios e apoio às solicitações da
Autoridade nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), salientou o
comandante do UAME e coordenador dos militares e dos diversos módulos
que foram ativados para um exercício que decorre até sexta-feira, dia 25
de novembro.“Contamos com 20 módulos de
intervenção, distribuídos pelas diferentes capacidades”, destacou o
comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) e da
Unidade de Apoio Militar de Emergência do Exército, que está sediada em
Abrantes, no âmbito de um exercício onde estão a ser colocadas à prova
as capacidades de unidades militares estacionadas desde a Póvoa de
Varzim até Lisboa, nas áreas de comando, controlo e comunicações, apoio
sanitário, serviços, engenharia militar, apoio psicológico, operações de
rescaldo, vigilância, busca e salvamento, estas últimas a cargo das
Operações Especiais de Lamego.A partir do
posto de comando instalado numa antiga escola primária em Praia do
Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha, Estêvão da Silva e a
sua equipa acompanham as diversas ações no terreno “em tempo real”, com
os vários módulos de intervenção a atuarem no âmbito de um cenário
fictício de catástrofe, na sequência de intempéries que assolaram o país
e que se converteram em situações de inundações, cheia, derrocadas,
cortes de vias por queda de árvores, entre outras situações.Neste
contexto, o treino operacional incidiu hoje na evacuação de uma aldeia,
busca e salvamento de vítimas, trabalhos de engenharia e
reconhecimentos, verificações de condições de redes viárias, pontes e
diversas infraestruturas, estando ainda previstas ações no âmbito de um
salvamento em grande ângulo, apoio a uma aldeia isolada, atividades de
busca e o regresso da população à aldeia.“A
época de incêndios é a que mostra mais a nossa atividade e, neste caso,
a vantagem deste exercício, para além de ser uma oportunidade de treino
para ativação e projeção destes meios para a área de operações, é,
acima de tudo, uma oportunidade única para interagirmos com as outras
entidades que estão envolvidas nestas situações, nomeadamente a ANEPC”,
salientou Estêvão da Silva.Desde a sua
entrada em funcionamento, a 01 de novembro de 2016, o RAME, além das
ações de prevenção, patrulhamento e vigilância, teve intervenção em
grandes incêndios, como os de Vila de Rei, Mação ou Pedrógão, enviou uma
equipa para apoio às populações atingidas pelo furacão Idai, em
Moçambique, além de ações de apoio no âmbito da tempestade Lesli que
assolou a zona Oeste, de modo a assegurar proteção e energia, procedeu a
trabalhos de desinfestação de espaços devido à covid-19, assegurou o
apoio no transporte de água e de alimentação para animais, no âmbito do
combate à seca, entre outras.Este ano, o
comandante do RAME realçou as “mais de 2.600 patrulhas no âmbito da
prevenção e rescaldo de incêndios florestais”, os “mais de 404 mil
quilómetros percorridos e que envolveram 5.804 pessoas”, e as “mais de
14 mil horas de vigilância e patrulhamento”.Presente
no exercício, o Comandante Operacional Distrital de Operações de
Socorro do Distrito de Santarém (CODIS), David Lobato, destacou o “apoio
fundamental” da UAME “naquilo que são as operações da proteção civil”,
tendo feito notar que “os meios [dos bombeiros] nunca vão chegar para
todas as ocorrências”, nomeadamente em cenários mais complexos de
situações de socorro e de emergência.“Este
exercício decorre no âmbito de um cenário da passagem de um tornado que
provocou cheias, inundações, queda de árvores e estruturas no distrito,
em particular nestes dois concelhos, e a falta de meios dos bombeiros
levou-nos a solicitar a nível nacional o apoio da UAME com as várias
valências que têm e de sustentação logística, com montagem de zonas de
apoio à população, alimentação, combustíveis, entre outras, e é isso que
estamos a treinar, num exercício conjunto com os diversos agentes e em
prol das populações”, concluiu.