Centenas de britânicos anti-monarquia mobilizados para protestos durante coroação
24 de abr. de 2023, 15:25
— Lusa
“Não
vamos atirar nada, para além das nossas vozes, e não vamos perturbar
nada para além da campanha de comunicação deles”, prometeu hoje o
responsável numa conferência de imprensa. O
jornal Daily Mail noticiou no fim-de-semana a existência de alegados
planos de grupos de ativistas para espantar os cavalos que vão
participar no cortejo entre o Palácio de Buckingham, a residência
oficial do Rei, e a Abadia de Westminster, local onde decorrerá a
cerimónia da coroação. O risco surge na
sequência de vários protestos com grande impacto nas últimas semanas,
nomeadamente de defensores dos direitos dos animais durante a corrida de
cavalos Grand National e do grupo ambientalista Just Stop Oil no
Campeonato Mundial de Snooker. Smith disse
que espera mobilizar “pelo menos um milhar” de ativistas anti-monarquia
para apupar o Rei durante o cortejo, mas desencorajou o arremesso de
ovos, como fizeram outros manifestantes este ano, embora recorde que
esta prática é “uma tradição de protesto político” que visou membros de
governo no passado."Penso que há tipos de
protesto muito mais inteligentes e espero realmente que ninguém o tente
fazer, porque não ajudaria a [nossa] causa”, vincou, durante um encontro
com jornalistas organizado pela Associação de Imprensa Estrangeira no
Reino Unido.A manifestação durante a
coroação será a sexta da campanha “Not My King” ("Não é o meu Rei") em
poucas semanas, aproveitando um crescendo de interesse e afiliados na
organização, disse o diretor da Republic. A
coroação, admitiu, "é uma grande oportunidade" para publicitar o
movimento que quer substituir a monarquia britânica por uma república
parlamentar com um presidente eleito universalmente. Smith
enumera países como a Irlanda, Islândia, Finlândia, Alemanha ou até
Grécia e Itália como inspiração, onde os chefes de Estado “ajudaram a
estabilizar o navio” em épocas de instabilidade política ou económica. “O
que estamos a propor não é particularmente radical, é democrático e
está de acordo com os nossos princípios e valores”, argumentou Graham
Smith.A morte da rainha Isabel II, disse
este ativista, representa uma oportunidade, juntamente com a evolução
geracional, pois existe uma menor atitude de deferência entre os jovens
relativamente à monarquia. “Havia um tal
manto de deferência e bajulação em torno da própria Rainha que era muito
difícil desafiar qualquer coisa que ela pudesse ter feito ou dito”,
referiu.Sobre o novo Rei, vincou, "há
muitas críticas a fazer sobre Carlos, mas ele simplesmente não é a
Rainha, é esse o principal problema [porque] não herdou a deferência” de
que a mãe beneficiava.Uma sondagem da
empresa YouGov realizada este mês e publicada hoje pela BBC indica que
58% dos britânicos quer manter a monarquia, enquanto apenas 26%
preferiria eleger um Chefe de Estado. O apoio à monarquia é maior entre eurocéticos e eleitores do Partido Conservador e maiores de 50 anos. Porém,
na faixa entre os 18 e 24 anos, 38% é favorável à transição do Reino
Unido para uma república, contra 32% que preferem manter a monarquia,
enquanto 30% que não têm uma opinião definida. A
mesma sondagem conclui que 58% dos inquiridos não se interessam pela
família real, 54% não consideram que compense o dinheiro público que a
realeza recebe e 45% dizem que o Rei está desfasado da vida dos
britânicos comuns.