Autor: Lusa/AO Online
A informação foi avançada pelo diretor regional dos Assuntos do Mar, acrescentando que se "estimaram 3.347 casais de garajau-comum (Sterna hirundo), distribuídos por 167 colónias em todo o arquipélago, 630 casais de garajau-rosado (Sterna dougallii), distribuídos por 20 colónias em todas as ilhas, exceto em São Miguel, e um casal de garajau-de-dorso-preto (Onychoprion fuscatus) a nidificar no Ilhéu da Praia, na Graciosa".
Este Censo foi coordenado pela Direção Regional dos Assuntos do Mar, em parceria com os Parques Naturais de Ilha e os Serviços de Ambiente.
Estiveram envolvidos oito técnicos superiores, 30 vigilantes da natureza e quatro voluntários da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e do IOMA (Associação Asas do Mar - Instituto de Ornitologia dos Açores).
De acordo com o diretor regional dos Assuntos do Mar, citado numa nota, comparativamente ao censo realizado em 2019, "os números deste ano “são bastante mais animadores” para o garajau-comum, dado que se registaram mais 1.061 casais, embora se tenha registado cerca de menos uma centena de casais de garajaus-rosados".
“A tendência relativamente aos números de garajaus que nidificam nos Açores é considerada estável”, sublinha Filipe Porteiro, tendo em conta que “já que se tem verificado que estes números variam consideravelmente de ano para ano, em ambas as espécies”.
O "único casal de garajau-de-dorso-preto foi, uma vez mais, observado no ilhéu da Praia da Graciosa, no entanto, não foi avistada nenhuma cria ou ovo no ninho”, adiantou, realçando o facto de, na ilha das Flores, onde se registaram mais de sete centenas de casais de garajaus-comuns, ter sido observado um garajau comum que “tinha sido anilhado há 15 anos nos Capelinhos, na ilha do Faial”.
Segundo explicou, “a anilhagem permite saber mais sobre o ciclo de vida destas aves marinhas e perceber as dinâmicas relacionadas com as migrações que fazem todos os anos, além das escolhas que elas fazem em relação às ilhas onde nidificam”.
O recenseamento pretende quantificar as populações das duas principais espécies de garajaus que nidificam na região, o garajau-comum e o garajau-rosado, duas aves classificadas internacionalmente e muito sensíveis às perturbações e pressões resultantes das atividades humanas e da predação de espécies predadoras não nativas.
“A maioria” das colónias destas aves marinhas encontra-se localizada “em falésias, praias de calhau isoladas e ilhéus costeiros inacessíveis, e apenas algumas podem ser observadas à distância, via terrestre, através de binóculos e telescópio”, refere Filipe Porteiro.
Realizado em todo o arquipélago, o censo envolve campanhas de mar, através de viagens de barco em torno da costa de todas as ilhas, “em que se estima o número de aves de cada colónia com recurso a uma buzina, que as faz levantar voo, permitindo a sua contagem”.
Nas colónias em que a visitação é possível, procede-se à contabilização de ninhos e posturas de cada espécie.
Esta monitorização permite estimar a população nidificante de garajaus comuns e rosados nos Açores e ainda o mapeamento da distribuição das múltiplas colónias que se estabelecem em todas as ilhas.
Enquadrado
na Diretiva Quadro Estratégia Marinha, o Censo dos Garajaus decorre
anualmente, no âmbito do programa de monitorização de populações de aves
marinhas dos Açores, MONIAVES, sendo que, desde 2016, o Governo dos
Açores assumiu a coordenação deste recenseamento.