Censo anual de milhafres nos Açores realiza-se a 02 e 03 de abril
3 de mar. de 2022, 11:28
— Lusa/AO Online
A inciativa pretende avaliar o estado da população da única ave de rapina diurna que nidifica no arquipélago. O
censo, que tem vindo a ser realizada todos os anos desde 2006, envolve a
mobilização de dezenas de voluntários, a quem se pede a recolha de
dados sobre os avistamentos destas aves, conhecidas nos Açores como
milhafres ou queimados, segundo a SPEA.Em
comunicado, a SPEA lembra que a contagem desta ave, "a mais emblemática
nos Açores", será realizada "em percursos pré-definidos, de carro, a pé
ou de bicicleta", o que permite cumprir "as indicações de distanciamento
para evitar a transmissão do covid-19". "Esta
é uma iniciativa de ciência cidadã, em que os açorianos têm
oportunidade de participar num projeto científico que procura conhecer
melhor as populações de milhafres dos Açores", lê-se na nota enviada às
redações. A coordenadora do censo nos
Açores e técnica de Conservação da SPEA, Alba Villarroya, lembra que,
para participar no censo, “não é necessário ter conhecimentos
científicos, pois esta ave de rapina é fácil de identificar".A
SPEA apela, por isso, a participação de voluntários nesta ação deste
ano, destacando que têm sido "centenas de açorianos" que se têm juntado à
contagem ao longo dos anos. A participação implica uma inscrição através do email acores@spea.pt e pré-definir a sua rota. Segundo
a SPEA, o milhafre (Buteo buteo rothschildi), é a única espécie de
rapina diurna que reside e nidifica em todas as ilhas do arquipélago dos
Açores, com exceção das Flores e do Corvo. É
facilmente identificado à distância pelo seu voo de batimentos lentos,
geralmente planando em círculos, mas também com voos curtos e picados
para caçar. É frequentemente observado em
poisos ao longo das estradas, o que torna a sua identificação mais fácil
quando encontrada nestes locais. "A
espécie pode ser observada um pouco por todo o lado, em zonas
florestais, áreas costeiras, pastagens e até mesmo em zonas urbanas,
alimentando-se maioritariamente de roedores, pequenas aves, coelhos, e
até dos cadáveres destes animais, o que torna o seu papel na cadeia
trófica muito importante, por evitar as doenças que podem surgir da
putrefação dos cadáveres", explica a SPEA.O "envenenamento e a eletrocussão em linhas elétricas" são as principais ameaças que afetam os milhafres, refere a SPEA. "Ignorar as ameaças a esta espécie é prejudicar um dos símbolos da Região e os ecossistemas dos Açores", alerta ainda.A
SPEA sublinha que estas "são aves magníficas, com um voo de uma beleza
singular e que sabem tirar proveito das correntes térmicas para planar".
A 16 de março, a SPEA promove um 'webinar' gratuito sobre esta e outras iniciativas de ciência cidadã na Madeira e nos Açores.