CDS-PP diz a autonomia dos Açores não resolve os problemas da região
18 de jul. de 2018, 17:15
— Lusa/AO Online
"Passadas
mais de quatro décadas de autonomia, sobretudo nas áreas
regionalizadas, como a Saúde e a Educação, não só não melhorámos mais do
que as outras regiões do país, como continuamos na cauda das regiões
portuguesas", destacou o parlamentar centrista, durante uma interpelação
ao Governo, na sede da Assembleia Legislativa Regional, na Horta.Artur
Lima deu como exemplo do mau desempenho da autonomia açoriana, as
longas listas de espera em cirurgia, os muitos açorianos que ainda não
têm médico de família ou ainda os 19 mil açorianos que são beneficiários
do Rendimento Social de Inserção (RSI)."A
pergunta que se impõe é: para que serviu e para que serve esta
autonomia para os açorianos?”, questionou o líder parlamentar centrista,
que acusou o executivo socialista açoriano de ter criado "mais pobreza
na região" na última década.O
líder do CDS/Açores lamentou, por outro lado, que o Governo Regional
tenha imposto "políticas de subsidiação" que, no seu entender, têm
levado a região a "marcar passo" ou a "regredir", por exemplo, ao nível
dos "crónicos indicadores", responsáveis pelo "atraso estrutural" que a
região atravessa.Na
resposta, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, alertou
para o risco que as dúvidas sobre a importância da autonomia regional
poderão ter, por exemplo, junto das mentes mais centralistas de Lisboa."Qualquer
dia, essa moda de dizer que a autonomia falhou pega a nível nacional e,
então aí, é que teremos, verdadeiramente, um problema", advertiu o
chefe do executivo, que disse "repudiar" também a afirmação de que o
modelo de desenvolvimento económico dos Açores falhou.Os
restantes partidos da oposição também partilham das críticas do CDS
sobre o sucesso, ou falta dele, das políticas sociais e económicas nos
Açores.Mónica
Seidi, deputada social-democrata, lembrou que as políticas socialistas
não conseguiram resolver os problemas sociais nos Açores, em especial os
números da pobreza, que continuam a registar valores preocupantes."O
que até agora o Governo do Partido Socialista conseguiu, fruto do
modelo de desenvolvimento económico adotado, foi destruir o sonho da
autonomia, agravar a coesão territorial e social e, consequentemente,
gerar pobreza", frisou a deputada social-democrata.Renata
Correia Botelho, da bancada socialista, lembrou que os dados
estatísticos não são iguais em todas as ilhas, admitindo que a pobreza,
por exemplo, concentra-se, sobretudo, nas duas ilhas mais populosas da
região (São Miguel e Terceira)."Em
todas as outras ilhas estamos abaixo da média nacional, portanto, nós
não somos mais pobres do que o resto do país", insistiu a deputada
socialista.Por
seu lado, Paulo Mendes, do Bloco de Esquerda, lembrou que o aumento do
número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção nos Açores
"esconde uma realidade" que nada tem a ver com "malandragem"."São
pessoas que trabalham, mas que têm um rendimento tão baixo do seu
trabalho, que tem de ser complementado por esta prestação social",
lembrou o deputado bloquista.Já
João Paulo Corvelo, do PCP, preferiu denunciar o clima de intimidação
que diz estar a ser implantado na sociedade açoriana, fruto da atitude
de um governo que tudo pretende controlar."Estas
práticas vão desde o condicionamento do acesso à função na
Administração Regional e nas autarquias até ao condicionamento dos
autarcas e dos próprios empresários", criticou o parlamentar comunista,
lamentando que muitos açorianos estejam a ser "prejudicados" e vítimas
de "tratamento discriminatório".Paulo
Estevão, do PPM, também não poupou críticas à ação do governo
socialista, que considera estar há "demasiado tempo no poder"."Nos
Açores, está instalado um regime que não funciona, um governo que não
funciona, onde não existe alternância democrática e onde a governação
acumula fracassos sucessivos", apontou o parlamentar monárquico.