CDS diz que PSD não se desviou "um milímetro" para se aproximar do Chega
Açores/Eleições
12 de nov. de 2020, 18:28
— Lusa/AO Online
“O
CDS celebrou um acordo para a formação de governo apenas com o PSD e com
o PPM, isto que fique muito claro. Coube ao PSD conseguir viabilizar
parlamentarmente o governo de aliança democrática e, como vimos, isso
aconteceu através de uma manobra escapatória que o Chega encontrou para
identificar nos programas do PSD medidas com as quais concorda”, afirmou
o líder centrista. Francisco Rodrigues
dos Santos respondia aos jornalistas na sede do CDS-PP, em Lisboa,
recusando dar pormenores sobre as especificidades do acordo celebrado
nos Açores para a formação de um governo de direita (PSD/CDS-PP/PPPM),
que é apoiado no parlamento regional pelo Chega e IL.O
líder do CDS-PP considerou “evidente que o PSD não se deslocou um
milímetro para se aproximar do Chega", rejeitando as alegações de que o
PSD terá feito um acordo com o Chega para garantir o apoio parlamentar
deste partido à solução de governo de direita.Na
sua ótica, o Chega “não sabia o que haveria de fazer”, pois ficou
“encurralado e numa verdadeira encruzilhada”, e “a solução rebuscada que
encontrou foi dizer” que “há coisas no programa do PSD com as quais o
Chega está de acordo” como justificação para viabilizar o governo
regional de direita.“Foi forjado uma
simulação de entendimento, assim propagandeado pelo Chega, em matérias
que o PSD já estava absolutamente de acordo”, frisou, recusando que o
presidente do PSD, Rui Rio, “que até aqui era um centrista, muito mais
colado à esquerda do que à direita" se tenha transformado "num perigoso
fascista”.Para Rodrigues dos Santos, o
Chega "está de fora, não pertence" à solução de governo que é,
considerou "uma verdadeira aliança democrática".O
presidente do CDS questionou ainda se “deve rejeitar-se um voto de
apoio pela sua origem” e salientou que “o Chega está no parlamento nos
Açores e na República por votos dos portugueses, e foi um partido que
foi viabilizado pelo Tribunal Constitucional” e também vota
favoravelmente alguns diplomas da esquerda.“Qualquer
voto, independentemente da sua origem, do partido que for, que
viabilize as propostas do CDS, nós estamos disponíveis para receber.
Agora, o que não pode estar em causa é a violação de princípios próprios
dos partidos em função de um populismo, de uma demagogia que não deve
ter lugar no nosso sistema político”, advogou.O
presidente do CDS defendeu igualmente que o partido “é insubstituível
em qualquer aliança” que “seja feita à direita, e está cada vez mais
forte e empenhado em construir com o PSD uma solução alternativa capaz
de governar Portugal e que tire o PS do poder”.Sobre
a redução de deputados, uma das medidas que tanto Chega como PSD
defendem, o centrista afirmou que essa proposta “não consta” do programa
eleitoral do CDS e também “não consta das preocupações” dos centristas.Durante
a conferência de imprensa, Francisco Rodrigues dos Santos foi
questionado também sobre um abaixo-assinado subscrito por mais de 50
personalidades da direita (entre os quais Adolfo Mesquita Nunes e Ana
Rita Bessa, do CDS), que defende que “não se responde à deriva com a
amálgama” e que as “direitas democráticas não têm terreno comum com os
iliberalismos”.“O que eu vejo na opinião
publicada é que há muita gente à direita que prefere os salões do Bairro
Alto e do Príncipe Real em vez de querer corresponder a uma vocação de
mudança de uma direita real que existe no nosso país”, respondeu.O
líder do CDS considerou que estas personalidades se “escandalizam muito
com medidas que são absolutamente inócuas e que já constavam do
programa do PSD, e escandalizam-se muito pouco com ideias completamente
estapafúrdias e aberrantes que são ditas por convivas com os quais de
relacionam muito bem, que pertencem ao espetro da esquerda, e que
idolatram ditadores, fazem a apologia de regimes totalitários e celebram
revoluções que só trouxeram a misérias, a pobreza e as violações dos
direitos humanos em toda a parte do mundo em que tiveram lugar”.Rodrigues
dos Santos acusou ainda “uma certa comunicação social” de “levar o
Chega do colo” e de estar “a criar o fenómeno” do partido liderado por
André Ventura.