CDS diz que descontaminação deve avançar já porque há riscos para a saúde pública
16 de out. de 2017, 14:14
— LUSA/AO online
“A descontaminação é, há mais
de dez anos, um problema grave da Terceira e dos Açores, em geral, e
não podemos andar com sensibilizações acerca deste problema. A
sensibilização não é uma solução para este problema, é preciso ação e
esta ação passa por diversos níveis e por diversas esferas”, afirmou
Félix Rodrigues em conferência de imprensa na Praia da Vitória.Em
2005, num estudo realizado pelos militares norte-americanos, foram
identificados 35 locais contaminados com hidrocarbonetos e metais
pesados nos solos e aquíferos da ilha Terceira. A contaminação foi
confirmada, em 2009, por estudos do Laboratório Nacional de Engenharia
Civil (LNEC)Na semana passada, após receber deputados da Comissão
de Ambiente da Assembleia da República, o presidente do Governo
Regional, o socialista Vasco Cordeiro, disse que o assunto era uma
“prioridade”, mas que era preciso dar “o tempo necessário” à nova
administração norte-americana para analisar os dossiês. “É um
trabalho de sensibilização, de dar a conhecer a importância que esta
matéria tem não apenas ao nível político na relação entre Portugal e os
Estados Unidos, mas do ponto muito prático para os Açores e, em
especial, para a ilha Terceira”, referiu Vasco Cordeiro.Para
Félix Rodrigues, o executivo açoriano tem de adotar uma postura “muito
firme” junto do Governo da República e “não pode negar os problemas de
saúde pública que começam a aparecer no concelho da Praia da Vitória”.“É
preciso afinar a estratégia do estudo epidemiológico [sobre o cancro], é
necessário percebermos efetivamente quais são as relações entre os
contaminantes e os problemas de saúde, mas tudo indica que temos
problemas associados a contaminação por hidrocarbonetos e metais pesados
na água da Praia da Vitória”, frisou.Apesar de o LNEC e o
município da Praia da Vitória já terem assegurado que a água para
consumo humano não teve contaminação, o dirigente centrista, que é
também investigador da Universidade dos Açores, especialista em
poluição, considera que as análises estão a ter em conta uma situação
normal em Portugal. “Quando temos água com [metal] vanádio em
níveis inaceitáveis para os padrões norte-americanos e canadianos não me
venham falar em segurança da água. Podemos falar em segurança
microbiológica da água, que é uma coisa completamente diferente. Quando
se trata de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, não há segurança
nenhuma. Há, de facto, um risco de contração de cancro”, salientou.Para
o líder do CDS-PP/Açores, Artur Lima, o Estado português não deve
aguardar pela ação das autoridades norte-americanas, mas avançar de
imediato com a descontaminação.“Está na Lei das Finanças
Regionais. A responsabilidade de arcar com as despesas da
descontaminação e de avançar com a descontaminação é do Governo da
República. E neste processo devia estar empenhada a autarquia da Praia
da Vitória, que nunca esteve, e o Governo Regional, que nunca esteve”,
considerou.Artur Lima adiantou o CDS apresentou uma proposta
nesse sentido na Assembleia Legislativa dos Açores, mas foi chumbado o
pedido de urgência e dispensa de exame em comissão e o projeto de
resolução ainda está a ser discutido em comissão parlamentar.