CDS/Açores faz queixa à CNE por intimidação de militares portugueses e norte-americanos
Eleições Legislativas 2019
25 de set. de 2019, 10:40
— Lusa/AO Online
“O CDS apresentou uma queixa à
Comissão Nacional de Eleições, porque fomos impedidos no Estado
Português, em democracia, num Estado soberano, por polícias armados de
um país estrangeiro, intimidados a não estar a fazer uma ação de
campanha”, disse à Lusa o líder regional do partido, Artur Lima.O
dirigente centrista acompanhou os candidatos do partido às
eleições legislativas de 6 de outubro pelo círculo eleitoral dos Açores
à Praia da Vitória, para uma ação de campanha que visava alertar para o
problema da contaminação de solos e aquíferos, decorrente da presença
militar norte-americana na base das Lajes.Segundo
Artur Lima, os dirigentes do CDS estavam junto a um tanque de
combustíveis conhecido como “South Tank Farm” (um dos pontos
identificados como contaminado), mas do lado de fora da rede que
delimita as instalações militares, quando foram abordados por um
segurança privado que lhes disse que não poderiam tirar imagens e que
deveriam abandonar o local. Os dirigentes
centristas recusaram-se a fazê-lo e apareceu um polícia militar
norte-americano armado, dando a mesma ordem, mas em inglês, adiantou.Artur
Lima esclareceu que se recusou a falar em inglês e que apareceu, então,
um sargento da polícia aérea portuguesa que reiterou que não podiam
estar no local e pediu, posteriormente, enquanto falava ao telefone, que
aguardassem para os “devidos procedimentos”.Enquanto
aguardavam, contou o líder centrista, chegou “outro carro da polícia
americana, com três polícias dentro”, que fizeram um “cordão de
segurança” junto ao portão.“Ainda
aguardámos uma meia hora a ver se nos iam prender. Não apareceu mais
ninguém, ficaram ali os quatro polícias americanos e um português”,
revelou. Para Artur Lima, esta atitude só pode ser entendida como uma “tentativa de impedirem de se falar da descontaminação”. “São
carros de polícia americanos a circularem em estradas portuguesas, com
polícia americana armada a intimidarem os cidadãos. Eu julguei que
aquilo era uma base aérea portuguesa, não, é uma base onde se aplica a
lei americana”, salientou.O dirigente
centrista acrescentou que vai dar conhecimento do que se passou ao
gabinete do primeiro-ministro e aos ministros da Defesa e dos Negócios
Estrangeiros. “Como é que num Estado de
direito português andam a circular carros da polícia americana
fortemente armados e ainda interpelam cidadãos portugueses. Eu como
deputado [no parlamento regional] não vou deixar ficar isto assim. O que
muito me admira é como é que a Força Aérea Portuguesa não tem dignidade
nem honra da bandeira e da farda que deve honrar”, criticou. Na
queixa enviada à CNE, a que a Lusa teve acesso, os centristas informam
que foram “intimidados” pela Força Aérea Portuguesa e que foram
interpelados pela Força Aérea norte-americana, acrescentando que a
imposição do segurança “foi manifestada sem que fosse anunciada qualquer
fundamentação legal para o efeito”.“Para
os candidatos do CDS/Açores os factos ocorridos constituem uma limitação
à livre expressão política que deve conformar uma campanha eleitoral
num Estado de direito democrático”, lê-se no documento.A Lusa tentou obter uma reação da Força Aérea Portuguesa, mas tal não foi possível em tempo útil.