Cavaco Silva e Carlos Tavares propõem comissão para "verdadeira reforma fiscal"
9 de jan. de 2025, 17:16
— Lusa/AO Online
No artigo, intitulado
“Está na hora, é urgente”, publicado no jornal Observador, Aníbal
Cavaco Silva e Carlos Tavares admitem ser “improvável que a grande
reforma fiscal de que o país precisa se possa concretizar na presente
legislatura”. Se havia dúvidas,
consideram, elas desapareceram no processo legislativo do Orçamento do
Estado para 2025, em que foram propostas “cerca de 230” alterações em
matéria de impostos, a “maioria sem qualquer fundamentação credível e
muitas delas impróprias” de um documento como o OE. “Ao
longo dos primeiros nove meses da legislatura ficou claro que é mais
fácil formar na Assembleia da República maiorias parlamentares de
partidos opostos para aprovar alterações populistas de impostos do que
aprovar alterações estruturais indispensáveis para que Portugal se
aproxime dos níveis de vida dos países mais ricos da EU”, criticam.No
atual contexto político, defendem, o que o atual Governo pode fazer em
matéria de impostos, é “procurar minorar os estragos e preparar o
terreno para que uma verdadeira reforma fiscal possa ser feita no
futuro, quando as condições políticas o permitirem”. Cavaco
Silva e Carlos Tavares, ministro da Economia do governo presidido por
Durão Barroso entre 2002 e 2004, dizem juntar-se “àqueles que têm
defendido que está na hora de o Governo nomear a Comissão da Reforma
Fiscal, tal como foi feito em 1984 pelo IX Governo Constitucional,
presidido por Mário Soares, para preparar a reforma fiscal que viria a
ser aprovada em 1988”.Tal comissão
especializada deve integrar “pessoas da mais elevada competência
técnica, presidida por um professor universitário e dispondo dos meios
indispensáveis para realizar o seu trabalho”, sugerem, considerando que
“é trabalho para um ano”. Em 2024
passaram-se 35 anos sobre a entrada em vigor, a 01 de janeiro de 1989,
da “grande reforma fiscal que instituiu o imposto sobre o rendimento
das pessoas singulares (IRS) e o imposto sobre o rendimento das pessoas
coletivas (IRC), de que muito se tem falado nos últimos meses", refere o
texto.Ao longo dos últimos 30 anos,
consideram, “a coerência do sistema fiscal português, presente na
reforma de 1989, foi sendo destruída ao longo dos últimos 30 anos
através da introdução de numerosas alterações avulsas”.