Cavaco e Sócrates defendem pluralismo
O Presidente da República e o primeiro-ministro portugueses defenderam hoje que a Cimeira Ibero-Americana não tem de falar "a uma só voz", questionados sobre a nota dissonante da reunião que foi o discurso de Hugo Chávez.

Autor: Lusa/AOonline
"O objectivo não é falar a uma única voz. Esta organização de cimeira entre chefes de Estado e de Governo é assumidamente plural e diversa", afirmou José Sócrates.

    Na conferência de imprensa conjunta, perto do final da XVII Cimeira Ibero-Americana de chefes de Estado e de Governo, Cavaco Silva e José Sócrates foram questionados sobre as diferenças políticas na América Latina e o discurso polémico do presidente da Venezuela, que criticou os EUA, o presidente brasileiro Lula da Silva e chamou "fascista" a José Maria Aznar.

    "Nós não queremos uniformidade política, temos interesses comuns, temos uma história comum, isso não significa que pensemos todos da mesma forma, não pensamos, logicamente", disse o primeiro-ministro.

    "Mas também não temos a arrogância de achar que nós pensamos melhor que os outros, ouvimos os outros com respeito tal como os outros nos ouvem com respeito", precisou.

    Referindo-se concretamente a Hugo Chávez, Sócrates sublinhou que a Venezuela "é um país amigo" e que "Portugal respeita os chefes de Estado dos países amigos, e respeita-os sempre que são eleitos em eleições livres e justas".

    "Essa é a posição do Estado português e espero que não mude, isso não quer dizem que pensemos como pensam esses chefes de Estado (…) Não temos uma visão diplomática infantil segundo a qual só temos relações com quem pensa como pensa o primeiro-ministro ou o Presidente da República de Portugal pensa", afirmou.

    Por seu lado, Cavaco Silva lembrou que participou na primeira Cimeira Ibero-Americana, em 1991, e considera que existiu "uma evolução positiva", quer em termos económicos, quer políticos.

    "A democracia, apesar de tudo, está hoje mais espalhada pela América Latina mas reconheço que existem algumas diferenças na interpretação da liberdade e da democracia", admitiu.

    O chefe de Estado salientou, contudo, que, nestas Cimeiras, "não está em causa falar a uma só voz mas encontrar interesses comuns".

    "O que desejamos é ter um campo de interesses mais alargado", defendeu.