Cavaco diz que Portugal vive "tempos difíceis"
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirmou hoje que Portugal vive "tempos difíceis", registando "fracos índices de crescimento económico", realidade que disse não poder ser iludida pelos agentes políticos.

Autor: Lusa/AOonline
    "O que é vivido pelos cidadãos não pode ser iludido pelos agentes políticos. Quando a realidade se impõe como uma evidência, não há forma de a contornar", declarou Cavaco Silva no discurso que proferiu nas comemorações da revolução republicana de 5 de Outubro, em Lisboa.

    O discurso de Cavaco Silva seguiu-se ao do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, numa cerimónia em que, entre outras autoridades, estiveram presentes o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, o primeiro-ministro, José Sócrates, e a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite.

    "Portugal tem registado fracos índices de crescimento económico. Afastámo-nos dos níveis de prosperidade e de bem-estar dos nossos parceiros europeus. Ainda não invertemos a insustentável tendência do endividamento externo", considerou.

    Na sua intervenção nas comemorações do 05 de Outubro, o chefe de Estado sublinhou por várias vezes que o seu dever "é falar a verdade" aos portugueses e "não iludir as dificuldades" dos tempos presentes.

    "Porque falo sempre verdade aos portugueses e porque tenho como princípio conhecer a realidade do país, escutar os meus concidadãos e ouvir as suas preocupações, sei bem que muitos atravessam momentos de incerteza perante o futuro", afirmou.

    Segundo o diagnóstico do Presidente da República, "muitas famílias têm dificuldade em pagar os seus empréstimos que contraíram para comprar as suas casas; há idosos para quem a reforma mal chega para as despesas essenciais; há jovens que buscam ansiosamente o seu primeiro emprego; há homens e mulheres que perderam os seus postos de trabalho", apontou.

    Ainda de acordo com Cavaco Silva, estão a nascer em Portugal "novas formas de pobreza e exclusão social e, em paralelo, emergem novas e chocantes disparidades".

    Só depois de enunciar este quadro de dificuldades internas é que Cavaco Silva se referiu à actual crise financeira internacional.

    "A situação internacional, por outro lado, não é favorável. Ao elevado preço do petróleo e dos produtos alimentares alia-se o aumento das taxas de juro", disse.

    No entanto, em paralelo com os problemas da actual conjuntura, o Presidente da República deixou também uma mensagem de esperança no futuro.

    "É nestas alturas que se vê a fibra de um povo. Este é o tempo em que aqueles que servem as instituições devem fazer prova do seu real valor e da sua visão de futuro. Os tempos são difíceis, mas a vontade e o querer dos portugueses terão de ser mais fortes", frisou o chefe de Estado.

    Para Cavaco Silva, Portugal "tem capacidade" para ultrapassar a crise, alegando que já o fez em outros momentos da História.

    "Os nossos filhos e os nossos netos não nos perdoarão se baixarmos os braços, se não formos capazes de fazer as escolhas certas e ultrapassar as dificuldades que Portugal enfrenta", acrescentou.