Catarina Martins tranquila com sucessão porque vê no BE pessoas com capacidade e preparação
14 de fev. de 2023, 12:02
— Lusa/AO Online
Catarina
Martins deu hoje uma conferência de imprensa na sede do partido, em
Lisboa, para anunciar que não será recandidata à liderança na Convenção
Nacional do BE que decorrerá em 27 e 28 de maio em Lisboa.“Em
relação ao futuro devo dizer-vos também que se posso tomar esta decisão
é porque tenho a absoluta tranquilidade de saber que no Bloco de
Esquerda há muitas pessoas com a capacidade, a força e a preparação para
assumir estas funções e que portanto sei que vamos ter seguramente uma
convenção tão participada como capaz de criar as soluções de unidade no
partido”, respondeu apenas quando questionada sobre eventuais sucessores
ao cargo.Sobre a continuação como
deputada depois da reunião magna de maio, a líder do BE disse: “Não é
uma questão neste momento. Eu tenho o meu mandato, estou a assumi-lo”.Questionada
sobre uma eventual candidatura às próximas europeias, Catarina Martins
reiterou que hoje estava a anunciar “aquilo que exige este momento”.“Este
é o momento para que a coordenação do Bloco seja assumida por outra
pessoa. Não estou a anunciar nem mais nem menos do que isto, com a
tranquilidade de ter feito o melhor que sabia durante este período, com a
tranquilidade de saber que o Bloco tem hoje um amplo reconhecimento
popular pela sua coerência e também tem muitas pessoas com toda a
capacidade e a preparação”, reiterou.Sobre
a possibilidade de integrar as listas a algum órgão do partido, por
exemplo a Mesa Nacional, mesmo depois de sair da coordenação, a
bloquista remeteu essa decisão para a preparação da convenção, o que
fará “em coletivo” com os seus camaradas.“Estou
a comunicar a minha decisão quando estamos a iniciar os trabalhos de
preparação da convenção por lealdade para com toda a gente que no Bloco
se organiza para esta convenção e para que todas as moções e listas que
concorrem à direção tenham toda a informação que precisam”, tinha
começado por explicar na sua intervenção.Catarina
Martins recordou que “ao longo dos 10 anos” em que teve a função de
coordenar o Bloco – no inicio com o João Semedo que fez questão de
“lembrar e homenagear neste percurso” – foram alcançadas “vitórias e
derrotas”.“Uma pesada derrota eleitoral há
um ano e vitórias eleitorais como em 2015 e 2019 em que alcançamos e
mantivemos os melhores resultados de sempre no Bloco”, recordou,
lembrando ainda “vitórias e derrotas também nos movimentos, nas leis,
nas lutas sociais”.Esta década, nas palavras da ainda líder do BE, “foram um tempo extraordinário”.“Pusemos
a direita fora do Governo, em 2015 impusemos as condições que tornei
públicas ao primeiro-ministro num debate televisivo, o PS foi obrigado a
assinar um acordo escrito, o país respirou de alívio. A geringonça foi a
o princípio do respeito”, enfatizou.No
entanto, apesar de todos os avanços e do “muito que ficou por fazer”, a
maioria absoluta alcançada nas legislativas antecipadas “veio mostrar
que o PS nunca se conformou com este caminho e agora está mesmo a
reverter algumas das medidas da geringonça”, assim como a reverter
“rendimentos de quem trabalha e trabalhou”.“Estão à vista os motivos para a viragem à direita que António Costa impôs ao país”, atirou. Catarina
Martins está à frente dos destinos do partido desde novembro de 2012,
na altura em parceria com João Semedo, quando foram eleitos
coordenadores do Bloco de Esquerda, então numa inédita liderança
"bicéfala", modelo abandonado dois anos depois, na Convenção Nacional
seguinte, em 2014.Nesse ano, o partido
passou a ser dirigido por seis coordenadores: Pedro Soares, Pedro Filipe
Soares, Joana Mortágua, Adelino Fortunato, Nuno Moniz e Catarina
Martins, que então era porta-voz do BE.Na
reunião magna do partido em 2016 deixou de existir o cargo de porta-voz e
retomou-se a figura de coordenador/a nacional, lugar ocupado por
Catarina Martins.Já na XI Convenção
Nacional, em novembro de 2018, a lista de continuidade e sem grandes
alterações de Catarina Martins, Pedro Filipe Soares e Marisa Matias foi
eleita confortavelmente e conseguiu 70 dos 80 lugares na Mesa Nacional.Na
última reunião magna do partido, em maio de 2021, a lista da atual
direção conseguiu 54 dos 80 lugares da Mesa Nacional do BE, que ficou
mais dividida, uma perda de 16 mandatos em relação a 2018.