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Casa onde nasceu Natália Correia mantém "simbolismo"
Na Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, a casa onde nasceu Natália Correia já nada tem do seu recheio inicial, nem espólio da escritora, mas o simbolismo da moradia está presente na população e atrai visitantes.

Autor: Lusa/AO online

“É uma casa que ninguém esquece. Esta casa é mesmo conhecida pela Casa da Natália Correia. E temos muito gosto”, disse à Lusa José Dinis Carvalho, presidente da Casa do Povo da Fajã de Baixo, que funciona na habitação onde nasceu a escritora, que morreu a 16 de março de 1993, faz hoje 20 anos.

O imóvel foi recuperado e alberga, desde 2004, a Casa do Povo, centro de dia e centro de convívio de idosos, além de um ateliê de ocupação de tempos livres para crianças e jovens do Centro Paroquial da freguesia.

Do espólio da escritora, que nasceu na ilha de S. Miguel em 1923, nada resta, apenas "uns livros".

“As instalações estavam em ruínas. A Casa do Povo, a Junta de Freguesia e Governo Regional estabeleceram um acordo para a aquisição e recuperação da casa”, explicou José Dinis Carvalho, salientando que foi também construido "um pavilhão multiusos", anexo, que ostenta o nome da escritora.

Apesar de a casa não ter espólio da escritora, pois a instituição "não tinha possibilidades para a sua manutenção", José Dinis Carvalho garantiu que o simbolismo da moradia continua "bem presente".

“Todas as pessoas têm a noção e reconhecem que foi aqui, nesta casa, que nasceu Natália Correia”, frisou, salientando que chegam à Casa do Povo "cartas e muitos emails de grupos que querem visitar a moradia".

“Abrimos as portas com muito gosto”, acrescentou.

A casa mantém a traça original, ostentando uma placa identificava do nascimento de Natália Correia.

O presidente da Casa do Povo acrescentou que um dos grupos de teatro criados pela instituição tem o nome da escritora e dinamiza "frequentemente peças de Natália Correia".

"Foi graças a ela [Natália Correia] que conseguimos instalar aqui valências de grande utilidade para a comunidade", sublinhou, frisando que um dos salões "foi batizado" com o nome da poeta, que sempre recusou ser "poetisa".

Na segunda-feira, a memória da escritora vai ser evocada na casa onde nasceu com a recitação de poemas de Natália Correia para assinalar os 20 anos sobre a sua morte.

Também a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada assinala a data com a inauguração, hoje, da mostra documental “Natália Correia – Uma mulher intemporal”, sobre a sua produção literária e vida política, reunindo impressos, pertencentes à sua livraria, e vários documentos manuscritos ou outros, estes últimos incluídos no espólio da poeta que, recentemente, entrou na Biblioteca.

Segundo o Governo açoriano, “nesta mostra está igualmente projetada a ligação da escritora aos Açores, região cuja letra do hino oficial é de sua autoria, e à sua ilha”.

O Governo dos Açores vai também promover um programa, no arquipélago, para assinalar o 90.º aniversário de nascimento (a 13 de setembro de 1923 e o 20º da morte da escritora, iniciativas que serão reveladas pelo secretário regional da Educação, Ciência e Cultura, Luiz Fagundes Duarte, a 03 de abril.