Casa do Povo do Pico da Pedra sonha com ampliação da creche
2 de dez. de 2022, 11:08
— Nuno Martins Neves
“São 45 anos de consciência tranquila: durante todos estes anos
procuramos servir a população, com a capacidade de separarmos o
necessário do acessório, indo ao encontro e concretizando as aspirações
dos pico-pedrenses”. É desta forma que José Maria Jorge, presidente da
direção da Casa do Povo do Pico da Pedra (CPPP) ilustra o 45.º
aniversário da instituição, data que é hoje celebrada com uma especial
menção a João Bosco Mota Amaral, antigo presidente do Governo Regional
dos Açores e presidente da Assembleia da República.Foi
em 1987 que o CPPP abriu portas, uma altura em que, recorda o seu
presidente, “a única coisa que tínhamos era uma sala de convívio, um
início de biblioteca, com três armários com livros, e uma cedência de um
rés do chão para o funcionamento do serviço de freguesia da Segurança
Social, e da Unidade de Saúde do Pico da Pedra”.Ao longo dos anos, a
instituição foi indo ao encontro das necessidades da população que
serve: um polidesportivo, “construído pelos jovens da freguesia, com o
apoio do Governo Regional, que deixava a maquinaria aqui ao fim de
semana”, uma zona de lazer, um parque infantil e um campo de futebol -
que posteriormente foi cedido à Câmara Municipal da Ribeira Grande.No
edifício-sede, o “plano de intenções que não seria concretizado no
imediato, mas sim ao longo dos anos” foi, paulatinamente, ganhando
forma.Todo o planeamento já se encontra finalizado: dois ATLs
que servem 120 crianças; uma creche completa, “desde a sala dos bebés
até aos 2 anos”, com 35 bebés; um Centro de Dia e de Convívio
habitualmente utilizado por meia centena de idosos; uma biblioteca que
ganhou “estofo”, albergando mais de 7 mil livros, e nome, em honra do
professor escritor Onésimo Teotónio Almeida, natural da freguesia.A
instituição pico-pedrense “alivia” a fome a 20 idosos da freguesia e das
freguesias vizinhas, com refeições ao domicílio. Atualmente, emprega 31
pessoas, dos quais quatro técnicos superiores. “Foram 45 anos de
muita luta”, reconhece José Maria Jorge. Mas por muito que tenha sido
feito, há sempre mais que se possa fazer, ainda mais quando vontade não
escasseia.“Para o futuro, a nossa grande ambição prende-se com dois
edifícios que temos a sul das nossas instalações: um, cedido com verbas
da secretaria regional e da câmara; e o outro, doado pelos herdeiros de
Fernando Dias Carreiro. Pretendemos fazer ali um Centro Cultural e
Recreativo com duas funções: no rés-do-chão, seriam criados ateliers
para os idosos da freguesia praticarem artesanato, carpintaria, pintura,
etc.; e no primeiro andar, receberia a biblioteca Onésimo Teotónio de
Almeida e salas para crianças a partir dos 10 anos que, estando fora da
freguesia nas escolas preparatórias e secundárias da Ribeira Grande e
Ponta Delgada, quando regressam, não têm onde estar até aos pais virem
do trabalho”.O projeto já se encontra na Câmara Municipal daRibeira
Grande, aguardando agora a CPPP pela abertura do próximo quadro
comunitário de apoio para reunir a verba necessário.Mas há mais no
horizonte da instituição pico-pedrense: a norte do edifício principal,
há um terreno que a direção de José Maria Jorge está a tentar adquirir
para ampliar a sala de convívio dos idosos, pois a atual já é pequena
para as necessidades dos utentes.“A creche também necessita de ser
ampliada, pois a nossa sala de bebés, neste momento, tem capacidade para
oito bebés. Ficaram de fora 22 crianças inscritas, o que obrigou os
pais, residentes na freguesia, a terem de encontrar outra solução”.Uma
situação que, diz José Maria Jorge, acontece por a freguesia estar a
ser muito cobiçada: há 14 anos, data da última ampliação do espaço, o
Pico da Pedra tinha cerca de mil habitantes; hoje, o número é o triplo,
graças à boa localização, entre as três cidades da ilha, sendo muito
procurada, principalmente por casais jovens.“Uma das nossas grandes
preocupações é que a freguesia não se torne dormitório e para isso são
precisas condições e qualidade de vida. E isso é dado pelas instituições
do Pico da Pedra, seja a Casa do Povo, a Filarmónica, os Escuteiros ou o
Vitória Clube Pico da Pedra”.