Casa de Saúde com 300 internamentos por ano devido ao consumo de droga
18 de out. de 2024, 09:06
— Ana Carvalho Melo
Em 2022 e 2023, a Clínica de São João de Deus efetuou 600
internamentos devido ao consumo de drogas ilícitas, sendo que 89% dos
utentes internados consomem novas substâncias psicoativas (NSP) e 76%
referem-nas como drogas de eleição.Os dados foram apresentados por João Paulo Vidal, da Casa de Saúde São Miguel, numa intervenção
sobre os tratamentos dos consumidores de NSP na Casa de Saúde São Miguel
- Clínica de São João de Deus, durante a conferência “Pensar para Agir -
As problemáticas sociais resultantes dos novos consumos”.De acordo
com o médico psiquiatra, mais de 90% dos utentes internados na Clínica
de São João de Deus são do sexo masculino, com idades concentradas entre
os 19 e os 39 anos.Além disso, 61% das pessoas internadas são solteiras.Na
sua intervenção, João Paulo Vidal revelou que os concelhos de Ponta
Delgada e Ribeira Grande são os que apresentam o maior número de
internamentos, situação que considera estar relacionada com o facto de
serem os mais populosos, já que recebem utentes de todos os concelhos de
São Miguel.No entanto, refere que as freguesias de Rabo de Peixe e São Roque são aquelas de onde provém a maioria dos utentes.Dentro
deste perfil, explica ainda que a maioria dos utentes internados por
consumo de drogas ilícitas não tem formação além do ensino secundário,
sendo que 61% não trabalha há mais de um ano.Segundo João Paulo
Vidal, as novas substâncias psicoativas têm contribuído para uma maior
deterioração da saúde dos utentes, dado que se tratam de drogas que
provocam “uma compulsão muito marcada”, o que torna muito difícil manter
a abstinência após a alta.“É um desafio muito complexo que
necessita de intervenções multissetoriais, não apenas ao nível da
saúde”, alerta, realçando que não existe nenhum tratamento específico
nem substituto para estas novas substâncias psicoativas, assim como para
a cocaína ou as metanfetaminas.