Casa Branca pede ao Supremo Tribunal para manter congelados fundos para ajuda externa
8 de set. de 2025, 16:58
— Lusa/AO Online
A
disputa legal incide sobre quase cinco mil milhões de dólares (cerca de
4,2 mil milhões de euros) em ajuda aprovada pelo Congresso que Trump
disse no mês passado que não gastaria, invocando uma autoridade
contestada que foi usada pela última vez por um Presidente dos Estados
Unidos há cerca de 50 anos.Na semana passada, o juiz distrital Amir Ali decidiu que a decisão do executivo republicano de reter o financiamento era ilegal.Trump
disse ao presidente republicano da Câmara dos Representantes, Mike
Johnson, numa carta datada de 28 de agosto, que não gastaria 4,9 mil
milhões de dólares em ajuda humanitária aprovada pelo Congresso,
cortando efetivamente o orçamento sem passar pelo poder legislativo.O
Presidente norte-americano sustenta a sua decisão recorrendo a uma
prática que ocorre quando um Presidente apresenta um pedido ao Congresso
no final do ano orçamental em curso para não gastar o dinheiro
aprovado.O aviso tardio significa que o Congresso não pode agir sobre o pedido no prazo exigido de 45 dias e o dinheiro fica por gastar.O
juiz Amir Ali defende que o Congresso teria de aprovar a proposta de
rescisão para que a administração Trump pudesse reter o dinheiro.A
lei é "explícita ao afirmar que é uma ação do Congresso — e não a
transmissão de uma mensagem especial pelo Presidente — que desencadeia a
rescisão das dotações anteriores", escreveu o juiz na sua decisão.A
administração Trump recorreu ao Supremo Tribunal depois de um painel de
juízes federais de recurso se ter recusado a bloquear a decisão de Ali. O
procurador-geral John Sauer classificou a decisão como ilegal e
argumenta que "precipita uma emergência desnecessária e um conflito
desnecessário entre os poderes", instando os juízes a bloqueá-la de
imediato.Contudo, os advogados das
organizações sem fins lucrativos que processaram o Governo
norte-americano defendem que é o congelamento do financiamento que viola
a lei federal, observando que o executivo interrompeu o financiamento
até mesmo dos programas mais urgentes de apoio humanitário.Já
os advogados do Departamento de Justiça informaram um juiz federal no
mês passado que outros 6,5 mil milhões de dólares (cerca de 5,5 mil
milhões de euros) em ajuda humanitária que estavam sujeitos ao
congelamento seriam gastos antes do final do ano fiscal, em 30 de
setembro. O caso prossegue nos tribunais
há meses, e Amir Ali afirmou que entende que a sua decisão não será a
última palavra sobre o assunto. “Este caso
levanta questões de imensa importância jurídica e prática, incluindo se
há alguma maneira de testar a decisão do poder executivo de não gastar
os fundos apropriados pelo Congresso”, acrescentou o juiz.