Cartão branco já foi mostrado “2.500 vezes” a agentes desportivos pelo seu 'fair-play'
10 de dez. de 2020, 15:13
— Lusa/AO Online
A informação
foi prestada à agência Lusa por José Lima, do IPDJ, após a
cerimónia de adesão ao Cartão Branco das Associações de Futebol do
Porto, Bragança e Vila Real, as únicas ligadas a essa modalidade que
ainda não o tinham feito.O mesmo
responsável disse que já aderiram a este instrumento pedagógico "40
entidades" desportivas, incluindo federações de diferentes modalidades,
continuando fora do seu âmbito as competições profissionais de futebol
por motivos relacionados com a UEFA."Nem
sabia que não tínhamos implementado o cartão branco", explicou o
presidente da Associação de Futebol do Porto (AFP), José Neves, que
assumiu funções em maio e foi o anfitrião daquela cerimónia, apesar de
ter feito parte da direção anterior.A
Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) contactou a AFP,
constatou-se, entretanto, que também as associações de Vila Real e
Bragança estavam fora do cartão e hoje também elas aderiram. "Foi isso
que fizemos agora, corrigir uma lacuna", resumiu.José
Neves recordou que "o cartão branco destina-se a ser exibido pelos
árbitros quando se verificam atitudes claras de ‘fair-play’ de atletas,
dirigentes ou do público"."É uma distinção
para aqueles que são amantes do desporto e que basicamente praticam as
leis e o ‘fair-play’ e é o que partir de agora, na Associação de Futebol
do Porto, irá ser implementado imediatamente em todos os escalões",
afirmou.O dirigente considera que este
cartão devia ser usado nas ligas profissionais, "porque é aí que ele
traria maior visibilidade e como o caminho se faz caminhando ele chegará
lá".O vogal do conselho diretivo do IPDJ
Carlos Pereira concorda que seria um "passo importante" alargar o cartão
às competições profissionais, mas sustentou que a "iniciativa deve
partir dos agentes desportivos quando se sentirem preparados para tal".O
responsável salientou que "este processo exige disponibilidade dos
árbitros", que têm de se sentir "confortáveis com as suas tarefas
habituais com o acumular a gestão e a observação de atos positivos no
desporto"."Em competições de maior
responsabilidade e com maior visibilidade, é importante que [os
árbitros] se sintam preparados para dar esse passo. Seria importante
dado o impacto que têm junto do público e da comunicação social se esse
passo pudesse ser dado", acrescentou Carlos Pereira.Instado
a falar sobre o cartão, o presidente da APAF, Luciano Gonçalves,
começou por advertir que não iria responder a questões sobre "coisas do
fim de semana" futebolístico e deteve-se no que disse ser "o momento
histórico" que é o envolvimento de todas associações de futebol neste
instrumento que distingue o ‘fair-play’ desportivo.Luciano
Gonçalves disse que é positivo haver um instrumento para "valorizar os
momentos importantes do jogo", em paralelo com os que servem para punir
comportamentos incorretos.O cartão branco
podia fazer com que "existissem mais momentos" eticamente positivos nos
campeonatos profissionais. "Se calhar existem esses momentos e não os
valorizamos porque focamo-nos sempre no que é negativo", completou
Luciano Gonçalves.Questionado sobre se há
alguém no futebol profissional digno de um cartão branco, Luciano
Gonçalves respondeu: "Não sei bem se haveria alguém que o merecesse".