Carta aberta defende legalização da cannabis para fins medicinais
9 de jan. de 2018, 10:02
— Lusa/AO online
Na
carta, a que a Lusa teve acesso e que foi divulgada pelo Público e pelo
Expresso, os subscritores recordam os “inúmeros efeitos medicinais” da
cannabis e defendem que estes “podem e devem ser colocados ao serviço
das pessoas. “A
investigação científica tem revelado dados consistentes e sistemáticos
sobre os efeitos benéficos desta planta no controlo da dor, na regulação
do apetite, no controlo de sintomas associados a doenças
neuromusculares, no tratamento do glaucoma, na diminuição dos efeitos
secundários negativos que resultam de tratamentos oncológicos, entre
muitas outras situações”, recordam.Os
subscritores, entre eles o médico João Semedo, o primeiro presidente da
Autoridade do Medicamento (Infarmed), José Aranda da Silva, e o médico e
presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto,
Henrique Barros, recordam que muitos países já legalizaram a prescrição
da cannabis, dando como exemplos o Canadá, a Dinamarca a Argentina e o
México.“Nestes
países, a cannabis pode ser utilizada pelos médicos como uma ferramenta
terapêutica eficaz e segura e está disponível e acessível aos doentes.
Infelizmente, esta ainda não é uma realidade em Portugal”, recordam,
numa carta aberta divulgada na semana em que a Assembleia da República
vai debater projetos de lei do Bloco de Esquerda e do PAN sobre a
matéria.O
médico oncologista Jorge Espírito Santo e o advogado e professor de
psicologia criminal Carlos Poiares também fazem parte da lista de
subscritores, além de diversos investigadores e de utilizadores de
cannabis para fins terapêuticos. Segundo
defendem, a legalização “permitiria o acesso à cannabis em condições
reguladas e com garantia de qualidade e segurança, por parte dos
milhares de doentes que dela poderiam beneficiar”.“A
legalização permitiria a melhoria da qualidade de vida dessas muitas
pessoas e um maior e melhor acesso ao tratamento mais adequado ao seu
estado de saúde”, sublinham.Os
cerca de 100 subscritores defendem que a legalização da cannabis para
fins medicinais “deve avançar rapidamente e tornar-se uma realidade em
Portugal”.“É
uma medida eficaz e segura, baseada em evidência científica e na
experiência internacional, que irá acrescentar uma opção importante ao
arsenal terapêutico disponível para as situações em causa”, insistem,
apelando aos partidos representados na Assembleia da República para que
“tornem esta medida possível”.