Carreira de 80 anos de Ruy de Carvalho assinalados com exposição no Teatro D. Maria
14 de nov. de 2022, 18:48
— Lusa/AO Online
A mostra é um “itinerário
fotográfico que abrange alguns dos momentos mais emblemáticos da
carreira de Ruy de Carvalho”, disse à agência Lusa Nelson Mateus,
curador da mostra que pretende homenagear o ator de 95 anos de idade e
80 de carreira.A fotografia mais antiga
que é exibida nesta mostra data de 1962, e retrata o ator com a atriz
Carmen Dolores, na peça “Os três chapéus altos”.Já
a imagem mais recente data de 2009, e retrata Ruy de Carvalho e
Virgílio Castelo quando contracenaram na peça de Ronald Harwood “O
camareiro”, que aborda os bastidores do teatro, numa encenação de João
Mota.Pelo menos 50 fotos, umas a preto e
branco e outras a cores, fazem parte da exposição montada na primeira
ordem do teatro, no corredor que dá acesso à sala Garrett e que integra
apenas imagens de arquivo do Teatro Nacional D. Maria II, disse Nelson
Mateus.O incêndio que na madrugada de 02
de dezembro de 1964 quase destruiu todo o teatro dificulta a existência
de fotos mais antigas de Ruy de Carvalho a representar no D. Maria II,
onde se estreou profissionalmente em 1947, referiu Nelson Mateus.O
curador avançou à Lusa que pretende que esta exposição seja itinerante
ao longo de 2023, acrescentando que, a todo o momento, serão
acrescentadas mais imagens do ator, sobretudo as que deram origem a uma
exposição sobre a sua vida e obra, patente no início deste ano no Espaço
Memória do Teatro Experimental de Cascais (TEC), bem como dos
espetáculos que representou no Politeama.“A
ideia é criar uma linha do tempo de todas as fotos de arquivo e que,
através da mostra sobre Ruy de Carvalho, possa recordar-se outros
grandes nomes do teatro português como Fernanda Borsatti, Curado
Ribeiro, Eunice Muñoz, Armando Cortez, entre tantos outros”, referiu.Marcada
para as 17h00 (menos uma nos Açores) a inauguração da mostra, que ficará patente até 30 de
novembro, marca o primeiro momento das comemorações dos 80 anos de
carreira de Ruy de Carvalho no D. Mara II.O
segundo momento ocorrerá no dia 26 com a apresentação da
peça “A ratoeira”, um texto de Agatha Christie e encenação de Paulo
Sousa Costa, protagonizada pelo homenageado.Ruy
de Carvalho nasceu a 01 de março de 1927, em Lisboa. Iniciou-se no
teatro amador no Grupo da Mocidade Portuguesa, em 1942, na peça “O jogo
para o Natal de Cristo”, numa encenação de Francisco Ribeio
(Ribeirinho).De 1945 a 1950, frequentou o curso de teatro/formação de atores do Conservatório Nacional, tendo-se formado em 1950.A
estreia profissional data de 1947, na então companhia Rey Colaço/Robles
Monteiro, em “Rapazes de hoje”, uma comédia de Roger Ferdinand.Teatro
Avenida e Teatro Monumental foram salas onde atuou logo durante os
primeiros anos, tendo feito parte de grupos como o Teatro do Povo, mais
tarde Teatro Nacional Popular.Em 1961, foi
um dos fundadores do Teatro Moderno de Lisboa, grupo de teatro
progressista que, à revelia da Censura da ditadura, pôs em cena autores
nunca representados em Portugal.Dois anos
depois foi para o Teatro Experimental do Porto, onde encenou, pela
primeira e única vez, uma peça: “Terra firme”, de Miguel Torga.Companhia
de Comédia Assis Pacheco, Companhia de Laura Alves, de Rafael de
Oliveira, Companhia do Teatro Variedades e a Companhia de Teatro da RTP,
residente no Teatro Maria Matos, em Lisboa, no início da década de
1970, foram estruturas de que fez parte ou com as quais trabalhou, assim
como a Companhia de Teatro de Lisboa e o Novo Grupo - Teatro Aberto,
entre mais de duas dezenas de estruturas teatrais. Em 1978, Ruy de Carvalho regressou ao Teatro Nacional D. Maria II a cuja companhia residente pertenceu até 2000.Com uma carreira variada no teatro, cinema e televisão, Ruy de Carvalho é o ator no ativo com mais longa carreira artística.No
seu percurso destacam-se ainda dezenas de prémios como quatro Prémios
da Imprensa para o Teatro (1962, 1981, 1982 e 1986), o prémio da Crítica
Rádio e Televisão (1962), prémios da Crítica de Cinema (1965, 1966 e
1971), três Setes de Ouro do Jornal Se7e (1981, 1986, 1990), o Prémio
Bordalo de Imprensa de Carreira (1995), os prémios de Carreira da
Fundação Byssaia Barreto e da Universidade Lusíada (1999), assim como do
Festival de Teatro de Almada (2009).Foi
ainda distinguido com a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da
Cultura, a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique (1993) e a da Ordem
de Sant'Iago da Espada (1998), as insígnias de Grande-Oficial da Ordem
Militar de Sant'Iago da Espada (2010), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D.
Henrique (2012), a Grã-Cruz da Ordem do Mérito (2017) e a Grã-Cruz da
Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (2022).