Capitão do iate de luxo que naufragou ao largo da Sicília sob investigação
26 de ago. de 2024, 14:00
— Lusa
Os
procuradores de Termini Imerese, localidade situada na área
metropolitana de Palermo, no norte da ilha, anunciaram no fim de semana
que estavam a investigar potenciais crimes de “naufrágio involuntário e
homicídio negligente múltiplo” na sequência do naufrágio do «Bayesian»,
do magnata britânico da tecnologia Mike Lynch, uma das sete vítimas
mortais do desastre, escusando-se a avançar mais detalhes nesta fase da
investigação.A imprensa italiana adianta
hoje, no entanto, que, após ter sido novamente ouvido no domingo pelas
autoridades locais, durante cerca de duas horas, o capitão James
Cutfield é suspeito dos presumíveis crimes de naufrágio e homicídio
múltiplo por negligência, podendo outros membros da tripulação ser
envolvidos na investigação. Aliás,
enquanto os seis passageiros convidados de Lynch que sobreviveram
regressaram no domingo a Londres, os nove membros da tripulação do
«Bayesian» permanecem na Sicília, num hotel nas imediações de
Porticello. Entre as questões que o
Ministério Público quer esclarecer – e que diz só ser possível após os
escombros da embarcação serem recuperados do fundo do mar – está a
demora de mais de meia-hora (32 minutos) entre o início do naufrágio e o
disparo de um sinalizador de socorro desde um dos botes salva-vidas,
ocorrido às 04:38 da madrugada de 19 de agosto, o papel do membro da
tripulação que se encontrava de serviço na ponte, que tinha nos ecrãs os
últimos avisos meteorológicos e o botão para selar todas as portas e
escotilhas do veleiro, e se uma das portas laterais ficou aberta,
permitindo a entrada de água.As
autoridades confirmaram que se vai proceder, entre terça e quinta-feira,
às autópsias dos sete cadáveres recuperados na sequência do naufrágio
por equipas de mergulhadores, numa operação que durou vários dias, face
às dificuldades de acesso aos destroços do iate, que se encontra no
fundo do mar, a mais de 50 metros de profundidade.James
Cutfield foi um dos 15 sobreviventes do naufrágio do «Bayesian», que
provocou a morte de sete passageiros. Além de Mike Lynch, 59 anos, e da
sua filha Hannah, de 18 anos, morreram o presidente da Morgan Stanley
International, Jonathan Bloomer, a sua mulher, Anne Elizabeth Judith
Bloomer, um advogado de Lynch, Chris Morvillo, e a sua mulher, Nada
Morvillo, e um membro da tripulação, Ricardo Thomas, que trabalhava como
cozinheiro a bordo.Mike Lynch, apelidado
de «Bill Gates britânico», festejava neste cruzeiro com amigos, sócios e
advogados a sua absolvição, em junho passado, num processo de fraude
nos Estados Unidos, quando um minitornado atingiu o «Bayesian», ancorado
ao largo de Porticello, no norte da Sicília, durante uma forte
tempestade.