Candidato a juiz do TC evita polémicas como eutanásia em audição parlamentar
10 de mar. de 2021, 12:22
— Lusa/AO Online
A audição de Figueiredo
Dias, indicado pelo PSD e que vai a votos dos 230 deputados na
quinta-feira, decorreu na comissão de Assuntos Constitucionais,
Direitos, Liberdades e Garantias, tal como está previsto no regimento
para os candidatos a órgãos externos da Assembleia da República.“Tenho
uma opinião, sei o que está em jogo, mas não estudei a fundo a
questão”, afirmou o candidato a juiz, referindo-se à eutanásia, e
acrescentou: “Não posso ficar refém de uma opinião que eu diga de uma
forma menos refletida.”O currículo do
atual presidente da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos
(ECFP) mereceu o elogio dos quatro deputados que o questionaram, por
videoconferência, mas que também lhe colocaram perguntas, nomeadamente
sobre duas leis que estão no Palácio Ratton, lei da eutanásia, a pedido
do Presidente da República, e lei eleitoral das autarquias locais, a
pedido da provedora de Justiça.Jorge Lacão
(PS) questionou-o, por exemplo, sobre “a relativa obsolescência” da
organização do TC e o atraso na instalação da nova Entidade da
Transparência, enquanto Carlos Peixoto (PSD) fez uma pergunta acerca da
adoção constitucional do chamado recurso de amparo.Já
José Manuel Pureza (BE) alertou que a eleição de quinta-feira “não é
prova académica” e que currículo e a capacidade técnica para desempenhar
o cargo, mas sim uma “escolha política” em que é preciso conhecer a
“mundividência” do candidato.“É o universo das suas escolhas que está aqui em jogo”, disse.Telmo Correia (CDS-PP) afirmou que lhe parece “um pouco estranho este tipo de consideração” e perguntas ao candidato a juiz.“Porque
o que esperamos de um juiz de um qualquer tribunal é que exerça a sua
função com tal independência, imparcialidade e na defesa e no respeito
pela Constituição”, disse.José Eduardo
Figueiredo Dias foi proposto, pela bancada social-democrata, como
candidato a juiz do Tribunal Constitucional, em substituição de Manuel
Costa Andrade, que terminou o mandato em fevereiro, e para a sua eleição
é necessária a aprovação por uma maioria de dois terços dos deputados
presentes, o que obriga a um entendimento entre os dois maiores partidos
(PS e PSD).José Eduardo Figueiredo Dias,
54 anos, é professor auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra e preside, desde 2017, à Entidade das Contas e Financiamento
Políticos.É licenciado em Direito, Mestre
em Direito (Ciências Jurídico-Políticas) e Doutor em Direito (Ciências
Jurídico-Políticas) pela Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra.Entre agosto de 2016 e outubro de
2017 foi assessor de Costa Andrade no TC, o que o levou a dizer que
"conhece bem os cantos à casa", o seu funcionamento e procedimentos, e o
pessoal, dos funcionários superiores aos motoristas. O
Tribunal Constitucional é composto por 13 juízes, dez deles eleitos
pela Assembleia da República por maioria uma qualificada de deputados
(dois terços), o que obriga a um acordo entre os dois maiores partidos
- PS e PSD. Têm um mandato único de nove anos.Manuel
da Costa Andrade, penalista e deputado durante 20 anos, presidia ao
Tribunal Constitucional (TC) desde 2016, cargo que deixou em 09 de
fevereiro e em que foi substituído por João Caupers, que era até então
vice-presidente.