Cancro representou 27% dos óbitos nos Açores entre 2017 e 2022
6 de jan. de 2025, 15:30
— Lusa/AO Online
“Entre
2017 e 2022, a doença oncológica constituiu uma das principais causas
de morte nos Açores (27% dos 14 329 óbitos registados naquele período),
apenas superada pelas doenças do aparelho circulatório (29,3% daqueles
óbitos)”, lê-se numa auditoria do TdC à Estratégia Regional de Prevenção
e Combate às Doenças Oncológicas dos Açores, consultada pela agência
Lusa.O tribunal alerta que os dados
relativos à incidência de cancro no arquipélago estão desatualizados,
sendo “expectável que o número de novos diagnósticos ultrapasse os 1 000
casos por ano”, apesar de estarem registados na “plataforma do Registo
Oncológico Nacional apenas cerca de 500 casos anuais”.“No
que diz respeito à mortalidade por cancro, os Açores registaram as
taxas (brutas e padronizadas) mais elevadas do país, apesar de
apresentarem um perfil populacional mais jovem”, sublinham os juízes.De
acordo com a auditoria, o Centro de Oncologia dos Açores despendeu
entre 2021 e 2023 cerca de 3,3 milhões de euros com a realização de
“rastreios oportunistas” e a implementação dos programas de rastreio dos
cancros da mama, colo do útero, cólon e reto e da cavidade oral.De
2017 a 2023 foram realizados 246 229 rastreios ao abrigo daqueles
quatro programas (dos quais 115 665 entre 2021 a 2023), que foram
responsáveis pela deteção de 75,6% dos novos casos identificados na
região (510).O TdC alerta que “não existem
evidências” acerca da monitorização do Centro de Oncologia dos Açores
(COA) aos tempos máximos de resposta garantida e recomenda a inclusão
daquela informação nos relatórios dos programas de rastreio.“Não
existem evidências formais comprovativas da monitorização exercida pelo
COA relativamente aos Tempos Máximos de Resposta Garantida (TMRG)
estabelecidos para as diversas etapas dos quatro programas de rastreio,
em particular a primeira consulta, informação crucial para se aferir a
eficácia das políticas públicas”, realçam.O
tribunal destaca a importância de concluir o estudo adjudicado pelo
Governo Regional em 2018 sobre os “fatores de risco específicos para o
cancro nos Açores”, que poderá ser um “relevante contributo” para o
combate ao cancro na região.“O estudo
ainda não foi concluído, continuando a invocar-se como fundamento para o
atraso a pandemia de covid-19, quando o contrato foi celebrado pelo
prazo de três meses, renovável. Contudo, de acordo com a informação
prestada, estão a ser realizadas diligências junto do cocontratante, no
sentido da conclusão do trabalho de campo”, é apontado na auditoria.Em
dezembro de 2018 foi assinado um protocolo entre a Faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), a Direção Regional de Saúde e
a Universidade dos Açores tendo em vista a realização de um estudo
sobre o cancro no arquipélago.Segundo o
Registo Oncológico Nacional, divulgado em dezembro de 2024, o cancro foi
a segunda causa de morte em Portugal em 2021, com registo de 27 577
óbitos, o que representa cerca de 22% do total das mortes naquele ano.Em 2021 foram diagnosticados 60 717 novos casos de doença oncológica em todo o território nacional.