Cancro do pâncreas será o segundo mais mortífero no país até 2035
21 de nov. de 2024, 11:06
— Lusa/AO Online
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022 foram registadas 2.086
mortes no país devido a cancro do pâncreas, sendo a quinta causa de
mortalidade por doença oncológica.Os dados
de 2022 indicam que o cancro que causa mais mortes é o do pulmão
(5.077), seguido do colorretal (4.809), do estômago (2.578) e da mama
(2.578).No âmbito do Dia Mundial do Cancro
do Pâncreas, que se assinala hoje, o presidente do Clube Português do
Pâncreas, Eduardo Rodrigues Pinto, disse à agência Lusa que têm sido
feitos “alguns avanços em termos investigacionais” para detetar o cancro
pâncreas numa fase mais precoce, mas tem havido um aumento da
incidência.“Tem havido um aumento desta
incidência e, por isso, pensa-se que em 2035 venha a ser a segunda causa
de morte [por cancro] com mais de 2.000 mortos anuais. São estas as
perspetivas menos favoráveis que nos levam a tentar alertar a população
que existem para tentar prevenir ou, quando não for prevenível, tentar
diagnosticá-lo em estádio mais precoces”, salientou. De
acordo com Eduardo Rodrigues Pinto, as pessoas com cancro do pâncreas
“são doentes complexos” que “devem ser geridos em hospitais com equipas
multidisciplinares”. “Os hospitais,
atualmente, são estratificados como centros de referência e, portanto,
este tipo de patologia deve ser tratado em centros de referência. Esses
centros de referência incluem gastroenterologistas, cirurgiões,
oncologistas e radiologistas. Tudo especialistas que se dedicam a este
tipo de patologia”, realçou. À Lusa, o
médico especialista em Gastrenterologia explicou que “apenas 20% dos
doentes” se enquadram para “fazer um tratamento curativo” através de
cirurgia.“Todos os outros serão,
idealmente, candidatos a um tratamento com quimioterapia ou com
radioterapia, sendo que, sempre que possível, os doentes devem ser
incluídos em ensaios clínicos. No entanto, deve-se tentar ver novas
terapêuticas que estejam em desenvolvimento para tentar ver se são mais
adequadas ou não a cada doente”, indicou. Eduardo
Rodrigues Pinto lembrou que o cancro do pâncreas surge em pessoas com
mais de 50 anos, avisando que “se tem verificado cada vez mais um maior
número de diagnósticos em pessoas mais novas”.“Tem
havido alguns avanços em termos investigacionais, como biomarcadores
para detetar o cancro do pâncreas em fase mais precoces. Idealmente, no
futuro, deveríamos ter um exame de sangue que permitiria este
diagnóstico. Em termos dos tratamentos, os avanços têm sido na
personalização do tratamento ao doente, através da realização de
pesquisas de mutações específicas de cada tumor, em que depois
direcionamos os nossos tratamentos ao tipo de mutação que cada doente
apresente”, referiu. O clínico disse ainda
que, além da colonoscopia a partir dos 45 anos, deveria existir um
programa de rastreio para a população geral, porque há pessoas com
“história familiar de cancro do pâncreas, ou que tenham doenças crónicas
com predisposição genética ou síndromes hereditários”.“Existem
algumas doenças em que existe uma incidência muito aumentada de cancro
do pâncreas nesse tipo de pessoas, e esses doentes, no âmbito de
protocolos de estudo, poderiam ser integrados em programas de rastreio
realizados a nível hospitalar”, sustentou. Entre
os fatores de risco, o tabagismo é o principal, seguido da obesidade. O
consumo de álcool, sobretudo em doentes com pancreatite crónica,
diabetes mellitus, a dieta rica em gorduras e carne vermelha, ou o
sedentarismo também estão associados à doença.“Tudo
isto são fatores de risco que devemos tentar explicar e educar à
população, no sentido de as pessoas mudarem os seus estilos de vida”,
acrescentou.