Campeão paralímpico sobe ao Pico com Cauê para angariar fundos para cães-guia
28 de mai. de 2022, 08:46
— Lusa /AO Online
Esta é uma ação simbólica que pretende promover e valorizar a autonomia a capacitação das pessoas com deficiência, e angariar fundos para a escola de cães-guia de Mortágua”, explicou Carlos Lopes, à agência Lusa.Cauê, o labrador preto, de três anos, que irá acompanhar o antigo atleta na inédita aventura de subir ao Pico, nos Açores, foi ensinado na Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual (ABAADV), a única formadora de cães-guia em Portugal, que, como lembra Carlos Lopes, “precisa de apoios privados”.“Trata-se de uma associação única no país, que vive com 55% de apoios estatais, e 45% de donativos privados e patrocínios de empresas, é a atenção desses que queremos captar”, afirmou Carlos Lopes, cego total, lembrando que a lista de espera para entrega de um cão “ronda os três ou quatro anos”.O antigo velocista, detentor de quatro ouros e um bronze paralímpicos, quer que o seu projeto “contribua para que a escola possa entregar mais cães-guia, promovendo cada vez mais a autonomia e a qualidade de vida” das pessoas com deficiência visual.Até à concretização da subida solidária ao Pico, marcada para 10 de setembro, Carlos Lopes e Cauê agendaram quatro treinos, para testar várias vertentes, um dos quais já decorreu, com a subida à Torre, na Serra da Estrela.“O primeiro ‘teste’ foi um treino de montanha exigente numa distância de 9,5 quilómetros, com grande declive, teve cerca de 20 pessoas e correu muito bem”, afirmou Carlos Lopes, de 53 anos.O próximo desafio, para o qual o antigo atleta espera contar com mais participantes, está marcado para 05 de junho e será na zona de Coimbra, num percurso de 10 quilómetros “acessível a pessoas com deficiência”, com partida junto à estação de comboios Coimbra B.Para 09 de julho, está agendada outra caminhada, que coincidirá com o Arraial da ABAADV, em Mortágua, e, em meados de agosto, a serra de Sintra será o palco do último teste, antes do grande desafio.“Na zona de Sintra, o treino será feito num percurso exigente, onde, mais do que a subida, queremos testar a descida, que é o que mais preocupa os guias que nos vão acompanhar no Pico”, explicou.O antigo atleta, psicólogo de profissão, diz que “todos os apoios conseguidos na iniciativa Subida Solidária, que tem como slogan 'A importância do cão-guia, só não vê quem não quer'", reverterão para a ABAADV, uma associação sem fins lucrativos fundada no ano 2000.Carlos Lopes admite que já tinha este desafio em mente há algum tempo, mas considera que Cauê, o cão-guia que chegou à sua vida depois de ter tido duas cadelas da mesma raça, “foi o grande motor” para tomar a decisão: “Ele tem um ritmo muito elevado, ajustado às minhas características, fazemos muitas caminhadas juntos”."Tanto quanto sei, eu e o Cauê, nome que na língua Tupi [povos que habitavam em algumas zonas do Brasil] significa homem que gosta de ajudar os outros, vamos fazer algo inédito", afirmou Carlos Lopes, admitindo que "o objetivo será concretizado na totalidade se forem conseguidos os apoios necessários para a escola conseguir ajudar mais e mais pessoas”.