Campanha SOS Cagarro vai ser exemplo para proteção de aves marinhas na Macaronésia
14 de out. de 2017, 16:02
— Lusa/AO online
O
anúncio foi feito na sexta-feira à noite, na ilha do Faial, pelo
diretor regional dos Assuntos do Mar, Filipe Porteiro, durante a
apresentação do projeto, denominado "LuMinAves", e que pretende reduzir
os efeitos da iluminação artificial sobre as populações de aves marinhas
nos três arquipélagos. "Este projeto visa diminuir os impactos
da poluição luminosa sobre as aves marinhas da Macaronésia, nomeadamente
o cagarro e outras aves similares (Procellariformes)", explicou Filipe
Porteiro, adiantando que esta campanha "centra-se na conservação de
espécies de aves marinhas ameaçadas". A maioria destas aves
nidifica nas ilhas e ilhéus dos três arquipélagos, tanto em áreas
protegidas da Rede Natura 2000, como em outras que carecem de proteção
adicional, relativamente ao impacto da poluição luminosa, como é o caso
de núcleos turísticos, residenciais ou industriais. "O LuMinAves
assenta em três grandes eixos: melhorar o conhecimento e avaliar o
estado de conservação das aves; melhorar o sistema de resgate e
recuperação de aves desorientadas pelos efeitos da iluminação
artificial; e reduzir o impacto da poluição luminosa sobre as aves",
explicou o diretor regional dos Assuntos do Mar. Este projeto
tem a coordenação da SEO/BirdLife (Sociedad Espanola de Ornitologia), e
conta como parceiros o Consejo Superior de Investigaciones Científicas -
Estación Biológica de Doñana (CSIC-EBD), a Associação Amigos das
Pardelas (Canárias), a Direção Regional dos Assuntos do Mar (DRAM - Açores), o Fundo Regional de Ciência e Tecnologia (FRCT, Açores), a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA -- Açores e Madeira) e o Parque Natural da Madeira. No
âmbito do LuMiAves, a Direção Regional dos Assuntos do Mar irá
coordenar a implementação de um "sistema comum e uniformizado", de
resgate, salvamento e valorização das aves marinhas afetadas pela
poluição luminosa, não apenas nos Açores, mas também na Madeira e nas Canárias, utilizando como referência a campanha SOS Cagarro. "Implementaremos
uma base de dados transversal às três regiões para o registo de
informação sobre as aves marinhas afetadas, contribuiremos para melhorar
a rede de recolha destas aves marinhas e aperfeiçoaremos as estratégias
de informação e sensibilização pública para o fenómeno", adiantou
Filipe Porteiro. A Campanha SOS Cagarro, criada em 1995, pretende sensibilizar a população dos Açores,
para a proteção dos cagarros juvenis, que durante os meses de outubro e
novembro começam a abandonar os seus ninhos, mas que acabam por cair em
terra, desorientados com a iluminação noturna. "Por essa razão, neste período do ano, dezenas de brigadas percorrem as estradas dos Açores
resgatando cagarros caídos que são posteriormente libertados durante o
dia junto ao mar, depois de anilhados, onde iniciam a sua primeira
grande migração anual para os mares do Atlântico Sul ou para as zonas
produtivas do Atlântico Noroeste", pode ler-se nos folhetos distribuídos
durante a campanha. A BirdLife International refere que os Açores
acolhem todos os anos cerca de 200 mil casais de cagarros (Calonectris
borealis), que usam as ilhas do arquipélago, entre abril e outubro, para
se reproduzirem.