Autor: LUSA/AO Online
O anúncio foi feito na sexta-feira à noite, na ilha do Faial, pelo
diretor regional dos Assuntos do Mar, Filipe Porteiro, durante a
apresentação do projeto, denominado “LuMinAves”, e que pretende reduzir
os efeitos da iluminação artificial sobre as populações de aves marinhas
nos três arquipélagos. “Este projeto visa diminuir os impactos da
poluição luminosa sobre as aves marinhas da Macaronésia, nomeadamente o
cagarro e outras aves similares (Procellariformes)”, explicou Filipe
Porteiro, adiantando que esta campanha “centra-se na conservação de
espécies de aves marinhas ameaçadas”. A maioria destas aves
nidifica nas ilhas e ilhéus dos três arquipélagos, tanto em áreas
protegidas da Rede Natura 2000, como em outras que carecem de proteção
adicional, relativamente ao impacto da poluição luminosa, como é o caso
de núcleos turísticos, residenciais ou industriais. “O LuMinAves
assenta em três grandes eixos: melhorar o conhecimento e avaliar o
estado de conservação das aves; melhorar o sistema de resgate e
recuperação de aves desorientadas pelos efeitos da iluminação
artificial; e reduzir o impacto da poluição luminosa sobre as aves”,
explicou o diretor regional dos Assuntos do Mar. Este projeto tem
a coordenação da SEO/BirdLife (Sociedad Espanola de Ornitologia), e
conta como parceiros o Consejo Superior de Investigaciones Científicas -
Estación Biológica de Doñana (CSIC-EBD), a Associação Amigos das
Pardelas (Canárias), a Direção Regional dos Assuntos do Mar (DRAM -
Açores), o Fundo Regional de Ciência e Tecnologia (FRCT, Açores), a
Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA – Açores e Madeira) e o
Parque Natural da Madeira. No âmbito do LuMiAves, a Direção
Regional dos Assuntos do Mar irá coordenar a implementação de um
“sistema comum e uniformizado”, de resgate, salvamento e valorização das
aves marinhas afetadas pela poluição luminosa, não apenas nos Açores,
mas também na Madeira e nas Canárias, utilizando como referência a
campanha SOS Cagarro. “Implementaremos uma base de dados
transversal às três regiões para o registo de informação sobre as aves
marinhas afetadas, contribuiremos para melhorar a rede de recolha destas
aves marinhas e aperfeiçoaremos as estratégias de informação e
sensibilização pública para o fenómeno”, adiantou Filipe Porteiro. A
Campanha SOS Cagarro, criada em 1995, pretende sensibilizar a população
dos Açores, para a proteção dos cagarros juvenis, que durante os meses
de outubro e novembro começam a abandonar os seus ninhos, mas que acabam
por cair em terra, desorientados com a iluminação noturna. “Por
essa razão, neste período do ano, dezenas de brigadas percorrem as
estradas dos Açores resgatando cagarros caídos que são posteriormente
libertados durante o dia junto ao mar, depois de anilhados, onde iniciam
a sua primeira grande migração anual para os mares do Atlântico Sul ou
para as zonas produtivas do Atlântico Noroeste”, pode ler-se nos
folhetos distribuídos durante a campanha. A BirdLife International
refere que os Açores acolhem todos os anos cerca de 200 mil casais de
cagarros (Calonectris borealis), que usam as ilhas do arquipélago, entre
abril e outubro, para se reproduzirem.