Campanha dos Bancos Alimentares "superou todas as expectativas" - Isabel Jonet
28 de nov. de 2022, 12:36
— Lusa/AO Online
Os
Bancos Alimentares contra a Fome (BA) recolheram 2.086 toneladas de
alimentos, durante campanha nacional que decorreu no fim de semana, um
valor que representa um aumento de 24% em relação à campanha realizada
em igual período de 2021, de acordo com dados da Federação Portuguesa
dos Bancos Alimentares Contra a Fome enviados à Lusa.Em
declarações hoje à agência Lusa, a presidente da instituição admitiu
que a mais recente campanha “superou todas as expectativas”, apontando
que, tendo em conta os valores atuais da inflação, seria difícil de
prever que fosse possível superar os valores de campanhas anteriores.“É
talvez aquela em que se conseguiu o maior valor de doações. Em
quantidade, o valor é muito próximo de campanhas de 2017, que foi quando
se registaram os números mais elevados”, adiantou Isabel Jonet.Para
a responsável, “os portugueses aderiram de forma entusiasta” e o nível
de adesão demonstra a “atenção dos portugueses para com as famílias mais
vulneráveis e que enfrentam situações mais difíceis”.“Hoje
todos nós conhecemos famílias que estão a passar dificuldades”, apontou
a responsável, admitindo que essa seja uma das razões para tanta gente
ter contribuído.Isabel Jonet lembrou que a
conjuntura atual é “totalmente diferente” da de 2017, uma vez que o
país enfrenta um cenário inflacionista e muita insegurança sobre o
futuro por causa da guerra na Ucrânia, aos quais se junta a expectativa
de que as taxas de juro não diminuam no curto prazo.“Poderíamos
prever muito menos doações e o que verificámos foi que os sacos vinham
um pouco menos cheios, mas houve muito mais pessoas a doar e voluntários
a ajudar”, sublinhou. Isabel Jonet
admitiu mesmo que nunca imaginou alcançar semelhante resultado: “É
incrível. Esta adesão é sinal de uma solidariedade que não abranda”.A
presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares lembrou ainda
que quem não teve oportunidade de ir ao supermercado durante o fim de
semana, mas quiser contribuir para a campanha pode fazê-lo através do
canal ‘online’ (www.alimentestaideia.pt) ou através da compra de vales,
disponíveis em supermercados de todo o país, até ao dia 04 de dezembro.Esta
foi a segunda campanha de recolha de alimentos depois do confinamento
imposto pela pandemia da covid-19, tendo decorrido junto de dois mil
supermercados, com a ajuda de cerca de 40 mil voluntários dos 21 Bancos
Alimentares espalhados pelo país.Os
alimentos recolhidos vão começar a ser distribuídos já a partir da
próxima semana, contribuindo para ajudar a suprir as necessidades
alimentares de cerca de 400 mil pessoas, apoiadas por 2.600
instituições, quer através de cabazes de alimentos, quer através de
refeições confecionadas, indicou a federação.No
ano passado, os 21 Bancos Alimentares em atividade em Portugal
distribuíram 34.551 toneladas de alimentos (com o valor estimado de 48
milhões de euros), num movimento médio de 105 toneladas por dia útil.Em
2020, quase dois milhões de portugueses estavam em risco de pobreza,
mais 200 mil pessoas do que no anterior, segundo os dados divulgados
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em janeiro.