Câmara do Comércio de Ponta Delgada alerta para impactos da guerra nas empresas
15 de jun. de 2022, 10:54
— Lusa/AO Online
Segundo uma
nota da associação empresarial da ilha de São Miguel, divulgada na
sequência de uma reunião da direção e da Comissão Especializada da
Indústria da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, que
decorreu na segunda-feira, a “conjuntura económica revela-se muito
desfavorável para a generalidade das atividades da indústria, algumas
das quais ainda se encontram a sofrer as repercussões da pandemia" de
covid-19.Atividades que, é acrescentado,
"agora se vêm confrontadas com os impactos decorrentes da guerra na
Ucrânia, que estão a ser sentidos fortemente pelas empresas",
nomeadamente o aumento "muito significativo" dos preços de
matérias-primas, combustíveis e energia, "com impactos fortes no
agravamento dos custos em toda a cadeia produtiva e de distribuição", a
subida das taxas de juro e "a insuficiência da promoção externa e dos
apoios à exportação dos produtos regionais".O
setor tem ainda “dificuldades muito significativas no recrutamento e
retenção de recursos humanos, designadamente de técnicos médios e de
técnicos superiores especializados", entre os quais nas "áreas das
engenharias e das tecnologias", lê-se na nota.
Por outro lado, a associação aponta para o "atraso na implementação" do
Programa Operacional Açores 2030 (PO Açores 2030), sendo que a
"ausência de apoios financeiros ao investimento" coloca "em questão a
oportunidade do setor realizar atempadamente os seus projetos".De
acordo com a Câmara do Comércio e Indústria, há também "dificuldades
logísticas no porto de Ponta Delgada, devido à falta de equipamentos e
às operações em geral".A situação a
manter-se poderá originar "aumentos significativos dos preços dos
produtos", com "impactos nos consumidores e na competitividade externa
das exportações", acrescenta a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta
Delgada.Para a associação, o quadro traçado "é altamente condicionador da atividade da indústria"."Foi,
por isso, considerado muito importante a existência de políticas
públicas que minorem esta situação e que tenham também uma perspetiva de
médio e longo prazo de estímulo para que o setor se modernize, inove,
faça a transição energética e digital e possa acrescentar cada vez mais
valor aos produtos dos Açores", indica.A
Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada pede também uma atuação
imediata em várias linhas, defendendo, entre outras medidas, que é
necessário tornar os transportes marítimos e aéreos de mercadorias "mais
económicos e mais eficientes" e acelerar a nova geração de sistemas de
apoio ao abrigo do Programa Operacional dos Açores 2030 (PO2030),
através da "desburocratização dos processos que pairam meses sem fim nos
serviços de análise e de pagamento".A
Câmara do Comércio de Ponta Delgada considera igualmente que é preciso
"retomar, a sério, a promoção externa dos produtos dos Açores". Para
a associação empresarial torna-se igualmente importante "encontrar
alternativas aos combustíveis tradicionais e estimular a concertação
entre empresas nesta procura de soluções".A
direção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada revela que
vai solicitar reuniões com o presidente do Governo Regional, José Manuel
Bolieiro, e com os titulares das secretarias responsáveis pela
formação, transportes, agricultura e pelas finanças.A associação vai ainda pedir reuniões com a reitoria da Universidade dos Açores e com a Federação Agrícola dos Açores.