Câmara do Comércio de Ponta Delgada acusa PS/Açores de "juízos inapropriados"
15 de jan. de 2019, 12:49
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, as entidades consideram que o líder da
bancada do PS/Açores, André Bradford, "proferiu declarações ofensivas e
desrespeitosas quer para o SINDESCOM [Sindicato Profissionais de
Escritório, Comércio, Indústria, Turismo, Serviços e Correlativos da
Região Autónoma dos Açores], quer para a CCIPD, com juízos
inapropriados, baseados em informação errada sobre um processo de
entendimento entre duas instituições que, há muitos anos, trabalham para
manter o entendimento entre os trabalhadores e empregadores e a paz
social”.A
resposta surge no seguimento das declarações proferidas pelo deputado à
saída de uma reunião do grupo parlamentar do PS com o SINDESCOM, em que
foram analisadas as condições do contrato coletivo de trabalho negociado
pelo sindicato com a CCIPD para os trabalhadores do setor turístico,
encontro realizado na passada sexta-feira na delegação de Ponta Delgada
da Assembleia Legislativa Regional.Em
declarações aos jornalistas, André Bradford afirmou que o grupo
parlamentar socialista ficou “altamente desiludido” com o acordo
firmado, já que este “não salvaguarda os interesses dos trabalhadores”,
tendo apontado a rapidez das negociações.O
comunicado de hoje esclarece que “a CCIPD vinha tentando negociar um
acordo para a área com outro sindicato, o Sindicato dos Profissionais
dos Transportes, Turismo e Outros Serviços de São Miguel e Santa Maria,
sem qualquer sucesso, num processo que se avaliou sem saída razoável,
pese embora a mediação por parte do governo, cuja proposta foi,
inclusivamente, rejeitada por este sindicato” e que “a CCIPD negociava
já, regularmente, com o SINDESCOM, cinco outros contratos coletivos de
trabalho”.“As
declarações do Dr. André Bradford centraram-se na referência à rapidez
deste processo, que só pode resultar do desconhecimento do historial de
trabalho referido, e de um enorme equívoco sobre os aumentos de 20 a
30%, anunciados”, considera a Câmara do Comércio e o sindicato,
esclarecendo que “em contratação coletiva não se negoceiam aumentos
salariais, mas sim aumentos nas tabelas salariais, que depois servem de
referência mínima para as empresas e trabalhadores se entenderem sobre
os salários".“Só
mesmo em ignorância ou fantasia alguém poderia imaginar um aumento
generalizado de 30% nos vencimentos quando a produtividade não aumenta
nesta medida, a inflação fica abaixo dos 2% e os aumentos do turismo só
são suportáveis com aumentos de postos de trabalho”, afirmam as
entidades.A
associação empresarial e o sindicato lamentam, também, que o socialista
tenha ignorado que, apesar de a tabela salarial de 2009 "ter sido a
última que havia sido negociada, os salários do setor não deixaram de
subir, no escalão mínimo, por obrigação legal, mas também em todos os
outros escalões por impulso do mercado, que funciona com base na razão e
não com base em projetos políticos”.As
instituições dizem ainda estar “profundamente desiludidas com o
desconhecimento evidenciado" pelo presidente da bancada do PS no
parlamento dos Açores.