Câmara de Lisboa decide prorrogar suspensão de novos registos de alojamento local
30 de abr. de 2025, 16:25
— Lusa/AO Online
Em
reunião privada do executivo municipal, a proposta, apresentada pelo
PS, foi aprovada por maioria, com a abstenção da liderança PSD/CDS-PP
(que governa sem maioria absoluta), que também apresentou uma iniciativa
com o mesmo propósito, mas que acabou por ser descartada pela oposição,
informou à Lusa fonte da câmara.Votaram a
favor da proposta do PS, além dos proponentes, os vereadores de PCP,
BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), tendo
agora de ser submetida à Assembleia Municipal.“Tendo
a nossa proposta sido preterida, abstivemo-nos na proposta do PS porque
cumpre o mesmo objetivo: suspensão, por mais seis meses, para se
concluir a alteração do regulamento”, adiantou a liderança PSD/CDS-PP,
em resposta à Lusa, ressalvando que a fundamentação das duas iniciativas
é diferente.A prorrogação da “suspensão
imediata” da autorização de novos registos de estabelecimentos de
alojamento local (AL), “por um novo prazo de seis meses”, surge na
sequência da proposta aprovada em 30 de outubro de 2024, por
unanimidade, também sob iniciativa do PS.Essa
suspensão, “até à entrada em vigor da alteração ao Regulamento
Municipal do Alojamento Local”, pretende anular os efeitos do novo
regime jurídico do AL decidido pelo Governo de PSD/CDS-PP, indicou a
vereação do PS, em comunicado.“Em Lisboa, a
entrada em vigor da nova legislação teria consequências dramáticas,
como uma corrida às licenças e subsequente perda de casas no mercado de
arrendamento tradicional”, expuseram os socialistas.Com
o prolongamento da suspensão de novas licenças, “Lisboa salvaguarda o
levantamento da proibição de novos AL em 20 das suas 24 freguesias, até
que entre em vigor o novo Regulamento Municipal do AL”, realçou o PS.Uma
das condições para a aplicação da medida é que o município, no seu
todo, apresente um rácio “igual ou superior a 5%”, o que se verifica
atualmente, com o concelho a registar um rácio de 7,2%.Além
disso, aplica-se nas freguesias onde se verifique um rácio entre o
número de estabelecimentos de AL e o número de fogos habitacionais
existentes “igual ou superior a 2,5%”.A
proposta de PSD/CDS-PP sugeria os mesmos critérios na aplicação da
suspensão de novas licenças, mas a oposição levantou questões de
“segurança jurídica”, tendo aprovado, em alternativa, a do PS.Em
comunicado, o PS destacou a “cambalhota política” do presidente da
câmara, Carlos Moedas (PSD), lembrando que em outubro de 2024 votou,
pela primeira vez, a favor de uma medida para conter o AL, e hoje optou,
também, por viabilizar a medida, mas antes, ao longo do seu mandato,
foi “sempre consistentemente a favor da liberalização do AL, tendo
votado contra a suspensão de novas licenças em 11 freguesias da cidade
em 2021”.Os socialistas referem ainda que
Carlos Moedas esteve ao lado dos empresários do AL em manifestações,
“fazendo até pressão política junto do Governo para a revogação da
legislação mais restritiva do Governo PS”.“Até
há seis meses, Moedas seguiu religiosamente a linha do PSD, que no
parlamento já tinha votado contra a passagem de competências sobre o AL
para as autarquias, e na Câmara de Lisboa votado contra as zonas de
contenção no centro histórico em 2018”, expôs a vereação do PS.Está
em curso a alteração do Regulamento Municipal do Alojamento Local,
tendo sido já concluído o período de consulta pública, que decorreu
entre 05 de março e 15 de abril deste ano, em que “foram recebidos 71
contributos escritos”, além das sugestões acolhidas em três sessões
públicas.“Os contributos recebidos estão a
ser analisados e ponderados, sendo a proposta de regulamento submetida a
reunião de câmara, para aprovação, assim que essa análise e ponderação
estejam concluídas”, indicou à Lusa fonte da liderança PSD/CDS-PP, sem
adiantar mais informação.Atualmente, o
executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra
sete eleitos da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) -
que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria
absoluta -, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa
(eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.