Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo assume gestão do Terceira Tech Island
11 de out. de 2023, 11:38
— Lusa/AO Online
“O
Terceira Tech Island é um projeto que precisava efetivamente de uma
nova roupagem. Entendeu a vice-presidência e a Secretaria das Finanças
que a câmara de comércio seria a entidade ideal para dinamizar este
projeto, uma vez que, da forma como estava, não estava a responder às
necessidades da ilha”, adiantou, em declarações à Lusa, o presidente da
associação empresarial das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa.Marcos
Couto falava, em Lisboa, à margem de uma apresentação na
3.ª Transatlantic Business Summit, organizada pela AM Cham, onde referiu
o Terceira Tech Island como um dos projetos com potencial de
investimento na ilha.Lançado em 2017 pelo
executivo regional do PS com o objetivo de mitigar o impacto da redução
militar norte-americana na base das Lajes, que eliminou cerca de 400
postos de trabalho, o projeto Terceira Tech Island visava a criação de
um polo de empresas tecnológicas na ilha.O
Governo Regional assegurava o pagamento de formação de curta duração em
programação e o custo das rendas dos espaços onde se instalavam as
empresas, estando prevista a recuperação do edifício onde funcionava a
escola da Força Aérea norte-americana na base das Lajes para esse efeito
no futuro.Entre 2018 e 2020,
instalaram-se na Praia da Vitória mais de 20 empresas da área digital,
que criaram cerca de 170 empregos, mas, em maio de 2023, existiam apenas
13 e o PS tem vindo a acusar o atual executivo (PSD/CDS-PP/PPM), que
tomou posse em novembro de 2020, de ter abandonado o projeto. Para
Marcos Couto, o Terceira Tech Island é um “bom projeto”, mas necessita
de uma “nova dinâmica”, que não passa apenas pela formação e pela
atração de empresas de programação.“Vamos
contar com novos recursos humanos e ampliar muito mais a área do
Terceira Tech Island do que propriamente só a formação. O Terceira Tech
Island tem de ter um papel importantíssimo na captação dos nómadas
digitais, na logística internacional de patentes, na ‘silver economy’
[atividades económicas para pessoas com mais de 50 anos], na formação de
uma ‘business school’, em parceria com outras entidades”, salientou.A
programação continuará a ter “um papel importantíssimo”, mas a
associação empresarial pretende alargar a área de intervenção e
implementar um “novo modelo”, que ainda terá de ser articulado com o
Governo Regional.O projeto de câmara de
comércio passa também pelo aproveitamento das instalações deixadas
livres pela Força Aérea norte-americana nas imediações da base das
Lajes, não apenas para instalar empresas, como previsto anteriormente,
mas também uma escola de negócios.“Os
edifícios são enormes, a começar pela escola americana, o que dá uma
enorme possibilidade de açambarcarmos uma grande quantidade de projetos,
nas mais variadas áreas, tenhamos nós a capacidade de colocar isso em
andamento. Parece-me claramente que não houve essa capacidade até
agora”, apontou.Questionado sobre as
garantias de apoio ao projeto por parte do executivo açoriano, Marcos
Couto disse que é preciso “começar a pensar em arranjar outras fontes de
financiamento”.“O Governo Regional não
pode ser eternamente quem suporta tudo isto. Terá de ter a sua
percentagem, mas não pode ser exclusivamente o Governo Regional. É um
desafio muito grande que temos, sem dúvida alguma”, referiu.Num
encontro que pretende promover as relações comerciais e económicas
entre Portugal e os Estados Unidos, o presidente da CCAH defendeu que
“os Açores têm passado sempre muito ao lado dessa relação, fruto de uma
política extremamente fechada”.“Temos de mudar essa perspetiva, temos de ser mais inclusivos, temos de perceber definitivamente que somos Portugal”, vincou.