Câmara da Lagoa "não tem" passivo financeiro "pesado"
7 de nov. de 2022, 15:28
— LUSA/AO Online
Cristina
Calisto comentava, à agência Lusa, os dados divulgados no Anuário
Financeiro dos Municípios Portugueses, onde a autarquia açoriana figura
pela primeira vez na lista dos 20 municípios que ultrapassaram o limite
de endividamento permitido por lei em 2021."Essa
situação resulta do facto de as autarquias terem passado para um sistema
de contabilidade diferente. Esse novo sistema de normalização
contabilística prevê que os arrendamentos sejam considerados como
passivos financeiros dos municípios. E isso tem a ver com o Tecnoparque,
que pertence às Portas da Lagoa (Sociedade de Desenvolvimento da Lagoa)
e nós temos um arrendamento que permite a gestão daquela área",
explicou a autarca socialista.Segundo a
presidente da Câmara da Lagoa, essa situação que "antes estava no
orçamento municipal como uma renda passa a estar descrita como um
passivo financeiro", mas "não é suficientemente pesado" para a adoção de
medidas de auxílio financeiro e de agravamento da carga fiscal dos
munícipes."Não temos necessidade disto",
vincou Cristina Calisto, referindo que "é a primeira vez" que a Lagoa
aparece no Anuário nesta situação. Para a autarquia, “é o segundo ano nesta situação”, disse. “Além
do mais, em 2021, na auditoria do Tribunal de Contas fez-se referência
também precisamente a isto, ao fato do novo sistema de normalização
contabilístico exigir que isso fosse contabilizado como passivo o
arrendamento que antes era classificado como renda", acrescentou.A
presidente da Câmara Municipal da Lagoa garantiu ainda que a autarquia
está "a trabalhar não só para reduzir a dívida, como fazendo o
cumprimento da lei do contrato de arrendamento". Segundo
o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, 20
municípios ultrapassaram o limite de endividamento permitido por lei em
2021, numa lista em que 12 deles já estão a pagar empréstimos a
programas de apoio para câmaras endividadas.Estes
20 municípios tinham no final do ano passado uma dívida total superior
em 1,5 vezes à média da receita corrente líquida cobrada nos três anos
anteriores.Segundo o documento, a lista de
câmaras que ultrapassaram os limites de endividamento é encabeçada por
Fornos de Algodres, Vila Franca do Campo, Vila Real de Santo António,
Cartaxo, Nordeste, Nazaré e Fundão.Os
restantes municípios eram Portimão, Vila Nova de Poiares, Alfândega da
Fé, Freixo de Espada à Cinta, Alandroal, Lagoa (Açores), Reguengos de
Monsaraz, Belmonte, Paços de Ferreira, Seia, Évora, Peso da Régua e
Tabuaço.Segundo a lei das finanças locais,
estes municípios poderão ter cortes de 10% nas transferências do Estado
e devem requerer a aplicação de um plano de saneamento financeiro,
através da contração de um empréstimo.No
entanto, à exceção de oito deles (Freixo de Espada à Cinta, Lagoa -
Açores, Reguengos de Monsaraz, Belmonte, Seia, Évora, Peso da Régua e
Tabuaço), os restantes 12 já estão a pagar empréstimos contraídos por
endividamento ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), um programa de ajuda a
municípios em saneamento financeiro.