Café benéfico na doença do fígado gordo não alcoólico em pessoas com diabetes tipo 2
13 de jan. de 2023, 17:00
— Lusa/AO Online
A
cafeína, os polifenóis (substâncias com função antioxidante) e outros
produtos naturais encontrados no café “podem contribuir para reduzir a
gravidade da doença de fígado gordo não alcoólico em pessoas com excesso
de peso e diabetes tipo 2”, referiu a UC, em nota enviada à agência
Lusa.O estudo, liderado por investigadores
do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de
Coimbra (CNC-UC), contou com a participação de 156 voluntários,
recrutados pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, “obesos
de meia-idade, dos quais 98 [62,8%] apresentavam diabetes tipo 2”.De
acordo com o comunicado, além de uma entrevista sobre os hábitos de
consumo de café, “foram ainda recolhidas amostras de urina para analisar
os metabolitos da cafeína e outros – os produtos naturais que resultam
da degradação do café no organismo”.“Esta
análise permitiu obter dados quantitativos mais definidos sobre a
ingestão de café, algo que tem particular importância para explicar a
relação entre ingestão de café e a doença de fígado gordo não
alcoólico”.Citada no comunicado, Margarida
Coelho, investigadora do CNC-UC e uma das primeiras autoras do estudo
liderado por John Griffith Jones, investigador da mesma instituição,
explicou que “os participantes que apresentaram maior consumo de café
revelaram ter fígados mais saudáveis”.“Por
sua vez, os indivíduos com valores elevados de cafeína mostraram ser
menos propensos a ter fibrose hepática, enquanto níveis mais altos de
outros componentes do café foram significativamente associados a um
baixo índice de fígado gordo, sugerindo que, para doentes com diabetes
tipo 2 com excesso de peso, uma maior ingestão de café está associada a
doença de fígado gordo não alcoólico menos grave”, enfatizou a
especialista da UC.Segundo Margarida
Coelho, mudanças na dieta e no estilo de vida atuais têm contribuído
para o aumento da obesidade e da doença de fígado gordo não alcoólica em
doentes com diabetes tipo 2.“Estas condições podem evoluir para outras mais graves e irreversíveis, sobrecarregando os sistemas de saúde”, alertou.Ainda
de acordo com o comunicado da UC, a doença de fígado gordo não
alcoólico caracteriza-se pela acumulação de gordura no fígado, que pode
levar à fibrose hepática, que, por sua vez, pode progredir para cirrose
(cicatrização do fígado) e cancro hepático.Esta
patologia “não resulta do consumo excessivo de álcool, mas de um estilo
de vida pouco saudável, com pouco exercício físico e uma dieta rica em
calorias”.É também “uma complicação
frequente em doentes com diabetes tipo 2”, a forma mais frequente da
diabetes, caracterizada por valores elevados de glicose no sangue, a
hiperglicemia - devido à produção insuficiente de insulina (hormona que
controla a entrada de glicose nas células do corpo) - ou pela
incapacidade do corpo em utilizá-la.O
estudo do CNC/UC contou com a colaboração de investigadores da NOVA
Medical School, de Lisboa e com o apoio do Instituto de Informação
Científica sobre o Café.