Cabo submarino da Google com amarração nos Açores vai democratizar acesso à tecnologia
26 de jul. de 2024, 14:57
— Lusa/AO Online
“Estamos muito
satisfeitos por anunciar a extensão do cabo ao arquipélago. Achamos que
o ‘Nuvem’ vai melhorar a resiliência da rede em todo o Atlântico,
ajudando a satisfazer a crescente procura de serviços digitais”, afirmou
o diretor (CEO) da Google em Portugal.Bernardo
Correia falava no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, Açores, na
apresentação do cabo submarino da Google designado por “Nuvem”, que vai
ligar os Estados Unidos à Europa, com amarração no arquipélago açoriano e
em Sines.O responsável da Google
considerou que o projeto, além de “reforçar o compromisso histórico”
entre os Estados Unidos e Portugal, vai apoiar o “desenvolvimento das
infraestruturas de tecnologia de informação”.“Um
investimento desta natureza pretende democratizar o acesso à tecnologia
e aos dados. Com este novo cabo 'Nuvem', queremos que seja um condutor
para novas ferramentas de inteligência artificial, serviços de ‘cloud’ e
ferramentas de transformação digital que ajudarão a corresponder às
exigências”, reforçou.A 04 de julho, a
Google pediu ao regulador americano uma licença para construir um cabo
submarino de fibra ótica de 6.900 quilómetros, que vai amarrar nos
Açores e Sines, afirmando tratar-se da primeira ligação direta entre
Estados Unidos e Portugal, de acordo com um documento a que agência Lusa
teve acesso. A tecnológica pretende ter o sistema operacional em 2026.Na apresentação, a Google adiantou que “ainda não fez a análise
económica” relativa ao "Nuvem", mas disse esperar que o retorno para a
economia do país seja semelhante ao resultante da ligação do cabo
"Equiano" (entre Portugal e África), cifrado em cerca de 500 milhões de
euros.“Embora não tenhamos feito as contas
para o 'Nuvem', no caso do 'Equiano' os estudos mostram que o impacto
combinado (…) foi projetado na casa dos 500 milhões de euros para a
economia nacional. Esperamos que o 'Nuvem' esteja nessa ordem de
grandeza e magnitude”, declarou.Bernardo
Correia destacou que, apesar de se tratar de um investimento da Google, o
“excesso da capacidade” do cabo “poderá ser utilizado pelos outros
operadores”.Segundo disse, aquele cabo
submarino vai permitir a “redução da latência na transmissão de dados na
rota transatlântica”, tratando-se de “um primeiro passo importante para
trazer os Açores de volta a um lugar central no mapa das comunicações
global”.Na sessão, a cônsul dos Estados
Unidos em Ponta Delgada, Margaret Campbell, afirmou que a “posição dos
Açores no centro deste projeto é testemunho da importância
geoestratégica do arquipélago”.O
presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), em declarações aos
jornalistas, também realçou a “posição geocêntrica” do arquipélago e
revelou que o executivo regional tem vindo a trabalhar com a
multinacional americana “sem ruído e publicidades”.Bolieiro
ressalvou que as “decisões definitivas são da Google”, mas adiantou que
a amarração deverá ser “tendencialmente” feita na cidade da Lagoa, em
São Miguel.“Não quero assumir méritos
públicos do mérito privado. Temos é uma visão estratégica e tudo fizemos
para que a escolha fosse pelos Açores”, declarou o líder regional,
avançando que não está “nada mensurado” quanto a um possível
investimento regional no projeto.Já a
presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) disse que o
projeto da Google é uma “importância enormíssima” devido à capacidade
para promover uma “conectividade de qualidade”.“Quantos
mais cabos, mais resiliência. Hoje em dia, com grandes desafios
geopolíticos, o melhor é termos maior resiliência e mais segurança nas
comunicações. Vai permitir uma latência e concetividade de qualidade”,
sinalizou Sandra Maximiano.