Bruxelas reitera que investigação a apoios públicos à SATA "continua"
21 de jan. de 2021, 18:07
— Lusa/AO Online
"A Comissão não comenta o conteúdo
dos seus contactos com os Estados-membros. A investigação da Comissão
sobre certas medidas de apoio público a favor da SATA está em curso. Não
podemos prever o momento ou o resultado da investigação nesta fase. De
acordo com a prática normal, a Comissão está em contacto com Portugal e
outras partes interessadas no contexto da investigação em curso",
indicou à agência Lusa uma porta-voz do executivo comunitário, depois de
questionada sobre o ponto de situação do tema.Na
terça-feira, o Governo dos Açores anunciou ter-se reunido nesse dia com
a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia "de forma a
ultimar o processo de devolução dos aumentos de capital realizados na
SATA, no valor de 73 milhões de euros".No
encontro, precisou o executivo, terá sido acordado que os aumentos de
capital da investigação em causa não eram "compatíveis com o mercado
interno e a política de concorrência", e o valor de 73 milhões de euros
seria devolvido ao Governo Regional dos Açores através de duas operações
financeiras: abatendo-se do pagamento da dívida da região à SATA e
abarcando também dinheiro referente à compensação de perdas da empresa
decorrentes da pandemia de covid-19.O
encontro terá tido a presença de elementos do Governo Regional dos
Açores, da SATA, da Comissão Europeia e da Representação Permanente de
Portugal junto da União Europeia (REPER).Em
meados de agosto de 2020, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ a um
auxílio estatal português de 133 milhões de euros à transportadora aérea
açoriana SATA, mas abriu uma investigação para avaliar o cumprimento
das normas comunitárias em três apoios públicos à companhia.Esse auxílio estatal não está em causa, independentemente do desfecho da investigação aos apoios públicos.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pela pandemia de Covid-19.Foi devido a
essas dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou, desde 2017,
três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar carências de
liquidez.São estes apoios públicos que
Bruxelas diz continuar a investigar mas que o executivo açoriano, em
dezembro do ano passado e novamente esta semana, adiantou já terem sido
considerados ilegais.Em dezembro, em
conferência de imprensa, o secretário das Finanças do Governo dos Açores
disse ter como "dado adquirido" que a transportadora SATA teria de
devolver os referidos 73 milhões de euros."Foi-nos
comunicado verbalmente, como corresponde ao formato de uma
teleconferência, e foi-nos comunicado de forma colaborante, que é um
dado adquirido que, na investigação às ajudas que constituíram os
aumentos de capital da SATA (...), por não terem sido comunicadas
previamente a Bruxelas, constituem ajudas ilegais e têm que ser
devolvidas", declarou então Joaquim Bastos e Silva.Esta
semana, o executivo anunciou os mecanismos de devolução do dinheiro,
mas uma porta-voz da Comissão Europeia reiterou à agência Lusa a posição
de dezembro passado, de que a investigação ainda segue o seu curso.