Bruxelas recomenda rápida operacionalização do Mecanismo Nacional Anticorrupção
13 de jul. de 2022, 11:32
— Lusa/AO Online
A
recomendação consta do relatório anual de 2022 sobre o Estado de direito
na União Europeia, o terceiro elaborado pelo executivo comunitário,
sendo que esta é a primeira vez que a Comissão, além de uma análise à
situação em cada um dos 27 Estados-membros, emite recomendações
específicas, com o objetivo de apoiar os países nos seus esforços para
levar por diante as reformas em curso ou planeadas e ajudá-los a
identificar onde podem ser feitas melhorias a reformas recentes.A
avaliação de Bruxelas à situação do Estado de direito em Portugal é
globalmente positiva, com o relatório a saudar em particular os
“resultados positivos” da criação de equipas de reação rápida nos
tribunais administrativos e fiscais, o contínuo fomento da utilização de
ferramentas digitais e a implementação de reformas previstas para
apoiar a integridade do sistema judicial, mas aponta que subsistem
“preocupações relativas à falta de recursos para a prevenção,
investigação e acusação de casos relacionados com corrupção, incluindo
em casos de alto nível”.Entre as cinco
recomendações emitidas para Portugal, Bruxelas sublinha então a
necessidade de “assegurar recursos suficientes para prevenir, investigar
e processar a corrupção, nomeadamente assegurando a rápida
operacionalização do novo Mecanismo Anticorrupção”, cuja criação foi
publicada em Diário da República em dezembro de 2021, na sequência da
Estratégia Nacional Anticorrupção aprovada por unanimidade no parlamento
ainda na última legislatura.Em maio
passado, a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, assegurou
que o Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) é “uma prioridade” e vai
ser implementado ainda em 2022, e reiterou o compromisso do Governo no
combate à criminalidade económico-financeira.“O
Governo irá reforçar o combate à corrupção e às novas formas de
criminalidade, fortalecendo a investigação. Permitirá manter o foco no
combate determinado à corrupção, criminalidade económico-financeira e
cibercriminalidade. O passo fundamental que se segue será a instalação
do Mecanismo Nacional Anticorrupção, entidade independente que será
dotada dos meios necessários para exercer as funções de iniciativa,
controlo e sanção”, disse.Além da
recomendação relativa ao MENAC, e dos “compromissos assumidos no âmbito
do Plano nacional de Recuperação e Resiliência (PRR) relacionados com
certos aspetos do sistema de justiça”, o relatório de hoje recomenda a
Portugal que prossiga “os esforços para assegurar os recursos humanos
adequados do sistema de justiça e melhorar a sua eficiência, em
particular dos Tribunais Administrativos e Fiscais, nomeadamente através
da finalização do quadro legislativo para o funcionamento do Conselho
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais”. Bruxelas
exorta também as autoridades portuguesas a “prosseguir os esforços para
reforçar a transparência da atribuição dos processos” e “assegurar o
início das operações da Entidade para a Transparência, com vista a um
acompanhamento e verificação eficazes das declarações de bens”. Por
fim, a Comissão Europeia recomenda a Portugal que continue as reformas
para melhorar a transparência do processo legislativo, “particularmente
no que diz respeito à implementação de instrumentos de avaliação de
impacto”.Publicado o relatório anual, a
Comissão convida agora o Parlamento Europeu e o Conselho a prosseguir os
debates gerais e específicos por país com base no presente documento e
“apela igualmente aos parlamentos nacionais e a outros atores-chave,
incluindo a sociedade civil, para que prossigam o diálogo nacional sobre
o Estado de direito”.