Bruxelas quer Observatório Europeu da Droga reforçado face a aumento do mercado ilegal
12 de jan. de 2022, 13:21
— Lusa/AO Online
“A Comissão propõe hoje o reforço do
mandato do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência,
transformando-o na Agência Europeia da Droga e da Toxicodependência. As
alterações propostas assegurarão que a agência possa desempenhar um
papel mais importante na identificação e abordagem dos desafios atuais e
futuros relacionados com as drogas ilícitas na União Europeia [UE]”,
anunciou o executivo comunitário em comunicado.Com
o reforço desta agência europeia criada em 1993 e sediada em Lisboa,
Bruxelas quer que a instituição possa emitir alertas “quando substâncias
perigosas são conscientemente vendidas para uso ilícito”, controle “o
uso viciante de substâncias tomadas juntamente com drogas ilícitas” e
desenvolva “campanhas de prevenção a nível da UE”, acrescenta.“A
Agência Europeia de Luta contra a Droga desempenhará também um papel
internacional mais forte”, justifica a Comissão Europeia.Em
concreto, a nova agência poderá monitorizar “ameaças sobre novos
desenvolvimentos em relação a drogas ilícitas que possam ter um impacto
negativo na saúde pública, segurança e proteção, ajudando a aumentar o
grau de preparação da UE para reagir a novas ameaças”, bem como “emitir
alertas no caso de substâncias particularmente perigosas se tornarem
disponíveis no mercado”.Entre as novas
tarefas está ainda a monitorização de uso viciante de outras substâncias
quando ligadas ao uso de drogas, a criação de uma rede de laboratórios
forenses e toxicológicos, a promoção de campanhas de prevenção e
sensibilização ao nível da UE relacionadas com drogas ilícitas, o apoio
aos países e ainda a cooperação internacional.Cabe agora ao Parlamento Europeu e ao Conselho avaliar a proposta da Comissão e adotar o novo mandato.O
Relatório Europeu sobre Drogas 2021 estima que 83 milhões de adultos na
UE (28,9% da população adulta) já consumiram drogas ilícitas pelo menos
uma vez durante as suas vidas.Em 2019, registaram-se pelo menos 5.150 mortes por overdose na UE, com um aumento constante todos os anos desde 2012.Acresce
que, nos últimos anos, atingiram um máximo histórico os volumes de
cocaína e heroína introduzidos na UE e a produção de drogas, em
particular drogas sintéticas (anfetaminas e ecstasy), tanto para consumo
interno como para exportação.O mercado da
droga da UE está estimado em cerca de 30 mil milhões de euros por ano e
continua a ser o maior mercado criminoso no espaço comunitário.O
Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla
inglesa) é a principal autoridade em matéria de drogas ilícitas na UE,
fornecendo provas e análises independentes, fiáveis e científicas sobre
drogas ilícitas, toxicodependência e as suas consequências, o que apoia a
elaboração de políticas para controlo de drogas no espaço comunitário.