Bruxelas quer melhor segurança e saúde mental no trabalho após lições do vírus
28 de jun. de 2021, 15:01
— Lusa/AO online
“A
pandemia demonstrou a importância crucial da saúde e segurança no
trabalho para proteger a saúde dos trabalhadores, o funcionamento da
nossa sociedade e a continuidade das atividades económicas e sociais
críticas. Neste contexto, a Comissão renova hoje o seu compromisso de
atualizar as regras de saúde e segurança no trabalho”, anuncia o
executivo comunitário numa informação divulgada.A
estratégia será sucedida da apresentação de medidas para “gerir as
mudanças decorrentes […] das mudanças no ambiente de trabalho
tradicional, melhorar a prevenção de acidentes e doenças e aumentar o
grau de preparação para eventuais crises futuras”, precisa Bruxelas.No
que toca ao “novo mundo do trabalho”, a Comissão Europeia vai
apresentar uma iniciativa não legislativa ao nível da UE relacionada com
a saúde mental, definindo orientações a serem implementadas antes do
final de 2022.Com
a pandemia, perto de 40% dos trabalhadores da UE começaram a trabalhar
remotamente a tempo inteiro, levando ao surgimento de problemas como a
falta de divisão entre a vida profissional e pessoal, a conexão
permanente, a falta de interação social, entre outros fenómenos
elencados pela instituição, que quer melhorar a saúde mental no
trabalho, mesmo à distância.Ainda
no âmbito desta estratégia, Bruxelas vai rever as diretivas europeias
relativas às prescrições mínimas de segurança e de saúde para os locais
de trabalho e para o trabalho com equipamentos dotados de visor,
atualizando por exemplo os limites de proteção relativamente ao amianto e
ao chumbo.E
“aproveitando as lições retiradas da atual pandemia”, a Comissão
Europeia vai criar “procedimentos de emergência” para aplicar em
eventuais crises sanitárias futuras.Outra
das metas desta estratégia é a prevenção de doenças e acidentes
relacionados com o trabalho, querendo Bruxelas promover uma “visão zero
para acabar com as mortes relacionadas com o trabalho na UE” através,
por exemplo, de regras atualizadas sobre produtos químicos perigosos.As regras surgem numa altura em que muitos trabalhadores regressam aos ambientes presenciais de trabalho.Em
entrevista à agência Lusa divulgada na semana passada, o comissário
europeu do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit, já tinha
anunciado que a Comissão Europeia iria apresentar uma estratégia sobre
segurança no trabalho para reduzir até zero o número de acidentes
mortais e melhorar a saúde mental dos trabalhadores.“É
muito mais amplo do que a pandemia, não se trata agora apenas da
pandemia, embora certamente a pandemia tenha influenciado este novo
enquadramento para a saúde e segurança no local e trabalho. É muito
maior do que isso: estamos a propor um certo número de novas medidas,
adaptando diretivas e estabelecendo um objetivo global de zero acidentes
mortais”, disse Nicolas Schmit à Lusa na altura.A
criação de ambientes de trabalho sãos e seguros é um dos princípios
fundamentais do Pilar dos Direitos Sociais, um texto não vinculativo
para promover os direitos sociais na Europa que foi aprovado há três
anos na Suécia e agora endossado durante a presidência portuguesa da UE.No
documento lê-se que “os trabalhadores têm direito a um elevado nível de
proteção da sua saúde e de segurança no trabalho”, bem como “a um
ambiente de trabalho adaptado às suas necessidades profissionais”.A
agenda social tem sido uma das grandes prioridades da presidência
portuguesa da UE, que agora termina, nomeadamente após a aprovação do
plano de ação para implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais
na cimeira do Porto, em maio passado.