Bruxelas quer livre circulação das forças armadas com novo “Schengen militar” até 2027
Hoje 13:21
— Lusa/AO Online
“Criando uma área de
mobilidade militar a nível da UE até 2027, o pacote de mobilidade
militar aproxima a União de um verdadeiro ‘Schengen Militar’. Tornará
mais rápido, seguro e coordenado o movimento de tropas e equipamentos
militares pela Europa”, anunciou o executivo comunitário em comunicado.Em
causa está um pacote sobre a mobilidade militar na UE, no qual a instituição diz querer “facilitar a movimentação rápida e
eficiente de tropas, equipamentos e meios militares em toda a Europa”
através da remoção das barreiras regulamentares com regras harmonizadas,
da criação de um quadro europeu de emergência para procedimentos
acelerados e do reforço das infraestruturas de transporte.Bruxelas
também propõe a criação de um Fundo de Solidariedade e da possibilidade
de desenvolver um Sistema Digital de Informação sobre Mobilidade
Militar para partilha e agrupamento de capacidades, bem como um novo
grupo de trabalho sobre a matéria para coordenação entre os países.A
mobilidade militar refere-se à capacidade das forças armadas dos
Estados-membros para mover pessoal, equipamento, meios e abastecimentos
de forma rápida e fluida, dentro e para além do território da UE, por
via terrestre, aérea e marítima.A proposta
da Comissão para o próximo Quadro Financeiro Plurianual (2028–2034)
prevê 10 vezes mais de orçamento disponível para a mobilidade militar,
com um total proposto de 17,65 mil milhões de euros no futuro Mecanismo
Interligar a Europa, destinado a investimentos em infraestruturas de
transporte de dupla utilização da rede.Para
concretizar esta livre circulação eficaz das forças armadas da UE, a
Comissão Europeia vai identificar 500 projetos prioritários nos
corredores de mobilidade militar para eliminar estrangulamentos.Um
Estado-membro da UE exige atualmente uma notificação com 45 dias de
antecedência para autorizações de movimentação transfronteiriça.Porém,
perante a urgência da guerra da Ucrânia, foi possível emitir
autorizações no prazo de um dia, pelo que o objetivo agora é que se
consiga em três dias e através um procedimento único para os 27 países
da União.No pacote hoje divulgado, o
executivo comunitário propõe ainda um roteiro para transformação da
indústria de defesa da UE, visando “aproximar as comunidades de
tecnologia avançada e defesa, acelerar a utilização de tecnologias
avançadas nas capacidades militares e reforçar a capacidade produtiva
europeia através da inovação”.A
instituição quer, para isso, apoiar o investimento em empresas de
defesa, acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias, ampliar o
acesso às capacidades de defesa e promover competências necessárias para
manter a vantagem tecnológica da Europa.“A
guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia mostrou a rapidez com que
as tecnologias de defesa evoluem. […] A Europa deve aprender com a
experiência da Ucrânia, reforçar a sua resiliência e construir um novo
ecossistema de defesa que una líderes industriais, novos inovadores e a
comunidade tecnológica para fornecer capacidades mais rapidamente e de
forma mais eficiente”, adianta.A Comissão
Europeia vai aplicar já o roteiro, aguardando discussão e aprovação do
Conselho e do Parlamento sobre o regulamento sobre a mobilidade militar.