Bruxelas quer corredores humanitários para ucranianos e alívio nas fronteiras da UE
Ucrânia
2 de mar. de 2022, 10:54
— Lusa/AO Online
“A Comissão propõe ativar a Diretiva de Proteção Temporária para
oferecer uma assistência rápida e eficaz às pessoas que fogem da guerra
na Ucrânia. Ao abrigo desta proposta, as pessoas que fogem da guerra
receberão proteção temporária na UE [União Europeia], o que significa
que lhes será concedida uma autorização de residência e terão acesso à
educação e ao mercado de trabalho”, explicou o executivo comunitário, em
comunicado.Também hoje, a instituição
recomenda “diretrizes operacionais destinadas a ajudar os guardas de
fronteira dos Estados-membros a gerir eficazmente as chegadas às
fronteiras com a Ucrânia, mantendo ao mesmo tempo um elevado nível de
segurança”.Essas diretrizes preveem, desde
logo, que “os Estados-membros criem faixas especiais de apoio de
emergência para canalizar a ajuda humanitária e recordam a possibilidade
de conceder acesso à UE por razões humanitárias”, adianta Bruxelas à
imprensa.No caso da diretiva comunitária
sobre proteção temporária no caso de afluxo maciço de pessoas
deslocadas, esta legislação está em vigor desde 2001, mas apesar de
existir há mais de 20 anos nunca foi ativada.Criada
após os conflitos na ex-Jugoslávia, no Kosovo e noutros locais na
década de 1990, a diretiva estabelece um regime para lidar com chegadas
em massa à UE de estrangeiros que não podem regressar aos seus países,
sobretudo devido a guerra, violência ou violações dos direitos humanos,
assegurando proteção temporária imediata a estas pessoas.Assente
na solidariedade entre os Estados-membros, a diretiva prevê uma
repartição equilibrada do esforço assumido pelos países da UE ao
acolherem as pessoas deslocadas, não impondo, porém, uma distribuição
obrigatória dos requerentes de asilo.Citada
pela nota, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen,
vincou que “a Europa está ao lado daqueles que necessitam de proteção”.“Todos
aqueles que fogem das bombas de Putin [Presidente russo] são bem-vindos
na Europa e daremos proteção aos que procuram abrigo e ajudaremos
aqueles que procuram um caminho seguro de regresso a casa”, assegurou a
líder do executivo comunitário.A Rússia
lançou na quinta-feira passada uma ofensiva militar na Ucrânia, ataque
que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.Dias
depois, no domingo passado, os Estados-membros da UE expressaram o seu
apoio à ativação da diretiva que permite conceder proteção temporária no
bloco europeu aos refugiados ucranianos, tendo Portugal saudado a
“sintonia” numa “questão de humanismo”.Em
declarações aos jornalistas, a secretária de Estado da Administração
Interna, Patrícia Gaspar, que representou Portugal neste encontro,
destacou “como grande linha de força a união e solidariedade revelada
por todos os países perante esta situação sem precedentes” que se vive
na Europa face à a agressão militar da Rússia à Ucrânia e saudou em
particular o grande apoio à diretiva, que data de 2001 e cujo “objetivo é
garantir proteção temporária em caso de um afluxo massivo de pessoas
deslocadas de um país terceiro”.“Em
Portugal, transpusemos essa diretiva para uma lei nacional, para o
ordenamento jurídico interno, logo em 2003, e é com base nessa diretiva
que as nossas autoridades estavam já a trabalhar no decurso desta
semana. A proposta final é que vá ser ativada e isto facilita bastante a
vida a todos os países”, adiantou Patrícia Gaspar.