Bruxelas propõe reforçar controlo de fronteiras e acelerar regressos
14 de mar. de 2023, 17:12
— Lusa
As propostas de
Bruxelas constam de uma comunicação hoje adotada pelo colégio de
comissários, que define a estratégia de gestão de fronteiras europeias
para os próximos cinco anos e recomenda aos Estados-membros o
reconhecimento mútuo das decisões de regresso e a aceleração dos
retornos.O Conselho Europeu pediu numa
cimeira extraordinária celebrada a 09 de fevereiro passado, que o
executivo comunitário fizesse propostas para uma "cooperação reforçada
com os países de origem e de trânsito, política de regresso abrangente e
eficaz, e controlo eficaz das fronteiras externas”.É
a primeira vez que a Comissão faz propostas a cinco anos nesta área,
dando às autoridades de cada estado-membro "um quadro coordenado" para
gerirem as fronteiras e orientarem os "mais de 120 mil agentes das
autoridades fronteiriças nacionais e da Frontex".Apontando
que “as principais prioridades da estratégia têm 15 componentes
essenciais”, o executivo de Bruxelas destaca o reforço da cooperação em
larga escala em tecnologias da informação para melhorar os controlos –
incluindo o recurso a drones -, e um reforço da cooperação com países
terceiros em controlo fronteiriço, análise de risco, regresso e
readmissão, e luta contra o tráfico de pessoas.A
Comissão salienta que a proteção das fronteiras da UE tem que ser
“feita no pleno respeito dos direitos fundamentais”, cumprindo "a
legislação da UE, incluindo a Carta dos Direitos Fundamentais da UE e
com o direito internacional, nomeadamente através de mecanismos de
controlo eficazes”.Bruxelas quer maior
coordenação, sobretudo “entre Estados de bandeira e Estados costeiros",
que devem partilhar melhor a informação.Relativamente
ao reconhecimento mútuo e aceleração das decisões de regresso – texto
adotado em princípio, mas que ainda terá de ser adotado formalmente -, a
Comissão Europeia propõe-se fechar “uma lacuna no acervo do retorno” e
atualizar as orientações de 2017.Argumentando
que um sistema eficaz para os regressos de migrantes ilegais “é uma
parte central de um sistema de migração e asilo que funciona bem”, a
Comissão sublinha que “pode também ter um efeito dissuasor na migração
insegura e irregular" e promover "percursos legais seguros".Segundo
a Comissão, a entrada em vigor, já este mês de março, do novo Sistema
de Informações Schengen, permite aos Estados-membros terem já alertas
imediatos sobre decisões de regresso dirigidas a cidadãos de países
terceiros emitidas por outro Estado-membro, o que permite um
reconhecimento mútuo das decisões adotadas pelos diferentes países da UE
e retornos mais rápdios desde qualquer ponto da Europa.Bruxelas
defende também que “os Estados-membros podem estabelecer laços mais
estreitos entre as autoridades que gerem o asilo e os regressos” e
convida-os a fazê-lo “através de um sistema informático de gestão de
casos de regresso baseado no modelo desenvolvido pela Frontex, alinhado
com o Regulamento sobre a Fronteira Europeia e a Guarda Costeira”. A
recomendação oferece igualmente orientações sobre a prevenção do risco
de fuga e sobre medidas alternativas à detenção, “que deve continuar a
ser uma medida de último recurso”.Atualmente,
as taxas de regresso aos países de origem de migrantes a quem foi
negado asilo, por não serem consideradas pessoas a necessitar de
proteção internacional, estão a um nível abaixo de 22% na UE.Depois
de apresentadas estas propostas, que serão discutidas pelos líderes da
UE no final da próxima semana, a Frontex tem seis meses para traduzir as
orientações da Comissão em matéria de gestão integrada das fronteiras
europeias “numa estratégia operacional e técnica”, enquanto aos
Estados-membros é dado um prazo de um ano para “atualizarem as suas
estratégias nacionais”.A nível dos
regressos, a Comissão aponta que, “para avaliar a aplicação da
recomendação, os Estados-membros informarão anualmente a Comissão,
incluindo sobre o número de decisões de regresso mutuamente reconhecidas
de outros Estados-membros”.