Bruxelas promete apoio aos países e agricultores da UE para fechar acordo com Mercosul
Hoje 11:26
— Lusa/AO Online
“A
Comissão está pronta para apoiar os Estados-membros com vista a assinar
o acordo com o Mercosul o mais rapidamente possível. Tomamos nota do
plano do Conselho de tomar uma decisão no início do próximo ano e
tomamos igualmente nota do apoio de uma clara maioria dos
Estados-membros a este acordo”, afirmou um porta-voz do executivo
comunitário, numa informação divulgada à imprensa em Bruxelas.Dias
depois de a UE ter decidido adiar para janeiro a assinatura oficial do
acordo com o Mercosul, a Comissão Europeia afirmou acreditar “firmemente
na relevância deste acordo para a posição global da Europa”.“Este
acordo consolidará a nossa presença comercial e política na América
Latina, impulsionará a nossa competitividade global e reforçará a nossa
resiliência, abrindo oportunidades de exportação no valor de milhares de
milhões de euros e apoiando centenas de milhares de postos de trabalho
na Europa. Dará também um impulso significativo aos nossos esforços de
diversificação com parceiros comerciais que partilham os mesmos
valores”, elencou a mesma fonte.Depois de
grandes manifestações em Bruxelas no final da semana, a instituição
vincou que “para os agricultores da UE, o acordo apresenta novas
oportunidades, com um potencial aumento de 50% nas exportações
agroalimentares da UE para a região e a proteção contra imitações de
produtos alimentares e bebidas tradicionais de alta qualidade da UE”.“Em
resposta às preocupações dos agricultores e dos Estados-membros da UE, o
acordo prevê também um conjunto sem precedentes de medidas para
proteger os setores agroalimentares sensíveis, incluindo quotas de
importação muito limitadas para produtos sensíveis introduzidas
gradualmente e salvaguardas mais fortes de sempre contra qualquer
potencial aumento das importações”, assegurou. De
acordo com Bruxelas, existem ainda medidas de acompanhamento para
apoiar os agricultores como controlo reforçado das importações e
auditorias, alinhamento das normas de produção e uma rede de segurança
de 6,3 mil milhões de euros.No sábado
passado chegou a estar prevista uma deslocação da presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen, ao Brasil para a assinatura oficial do
acordo UE-Mercosul, mas devido ao ceticismo de alguns Estados-membros
tal oficialização foi adiada para meados de janeiro.A
Comissão Europeia aguarda agora a aprovação por maioria qualificada do
Conselho da UE (os países), num acordo que está a ser negociado há 25
anos.O Parlamento
Europeu aprovou salvaguardas relativas ao acordo e, esta madrugada, o
Conselho da UE chegou a acordo sobre cláusulas de salvaguarda do acordo
comercial para proteger os agricultores europeus do potencial impacto
negativo de um aumento das importações latino-americanas.A
França lidera um grupo de países que se opõe à parceria entre os dois
blocos, aos quais se juntou recentemente Itália, permitindo uma minoria
de bloqueio.Após o anúncio do fim das
negociações em dezembro de 2024, a UE e os países do Mercosul tentam
finalizar aquele que será o maior acordo comercial e de investimento do
mundo, que servirá um mercado de 700 milhões de consumidores, no âmbito
do reforço da cooperação geopolítica, económica, de sustentabilidade e
de segurança.O acordo abrange os 27
Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o
equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10%
da população mundial.