Bruxelas preocupada com “profundos cortes” previstos no orçamento da UE para 2021-2027
4 de dez. de 2019, 12:33
— Lusa/AO Online
“Estou preocupada com os profundos
cortes que estão nesta proposta em comparação com a proposta da
Comissão”, declarou hoje a presidente do executivo comunitário, que
falava em conferência de imprensa, em Bruxelas, após a sua primeira
reunião do novo colégio de comissários.Isto
porque estão previstos “cortes profundos em políticas que são chave
para a agenda estratégica, como na Frontex [Agência Europeia da Guarda
de Fronteiras e Costeira], na Defesa, na área digital ou na economia
verde”, acrescentou Ursula von der Leyen.Aludindo
à proposta apresentada pela Finlândia no início da semana para o
próximo quadro financeiro plurianual (QFP), que envolve despesas de
1.087 mil milhões de euros, 48 mil milhões abaixo do plano inicial da
Comissão Europeia, a responsável admitiu que o documento “demonstra o
quão difíceis são as negociações”, dadas “as diferenças” face às
restantes instituições.“Quero discutir
isto com os meus colegas no Conselho Europeu na próxima semana e penso
que é tempo de, em conjunto, garantirmos que podemos atingir os
objetivos com os quais nos comprometemos. Há uma agenda estratégica do
Conselho e há políticas definidas […] e isso tem de estar refletido nas
negociações do próximo QFP”, sublinhou Ursula von der Leyen.Para a responsável, as negociações devem ser conduzidas pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.“É importante que cheguemos a um acordo no início do próximo ano”, referiu a presidente do executivo comunitário.A
proposta apresentada pela Finlândia representa 1,07% do rendimento
nacional bruto conjunto da UE-27 (sem o Reino Unido), de acordo com o
documento enviado no início desta semana aos países, que servirá de
ponto de partida para as negociações que terão lugar na cimeira de
líderes da próxima semana.A proposta
inicial da Comissão Europeia, apresentada em 2018, colocava as
autorizações de despesas nos 1.134 mil milhões de euros ou 1,11% do
rendimento nacional bruto conjunto, contra 1,16% em 2014-2020 para a UE a
27 (excluindo o Reino Unido).Até à data,
as diferenças entre os Estados-membros têm impedido um acordo sobre o
quadro 2021-2027, que fixa o limite máximo de despesas para todo o
período e para cada ano, definindo simultaneamente as suas fontes de
recursos.A proposta de compromisso
apresentada pela Finlândia, que preside à UE este semestre, propõe
cortes em cada uma das sete principais rubricas orçamentais, com exceção
da rubrica relativa aos recursos naturais e ao ambiente, que inclui as
ajudas agrícolas, que vai aumentar.Áreas
como o mercado único, digital e inovação, a migração e gestão das
fronteiras, segurança e defesa, despesas administrativas ou coesão e
valores vão sofrer cortes.Estes números
constituirão a base de uma negociação que é tradicionalmente dura, mas
que este ano será mais complicada pela saída do Reino Unido, o que
poderá alterar o equilíbrio entre contribuintes e beneficiários líquidos
de fundos europeus.O Parlamento Europeu,
que solicita que o orçamento seja aumentado para 1,3% do rendimento
bruto comum, garantiu que a proposta "condena a UE ao fracasso", segundo
disse o relator Jan Olbrycht.O
primeiro-ministro português, António Costa, já considerou, em
declarações à Lusa, que a proposta da presidência finlandesa se trata de
um “erro grave”, defendendo a sua rejeição.