Bruxelas pede aos 27 que preservem ligações essenciais com Reino Unido
Covid-19
22 de dez. de 2020, 14:12
— Lusa/AO Online
Na
sequência da descoberta da nova estirpe do coronavírus detetada no sul
de Inglaterra, muitos Estados-membros da UE, entre os quais Portugal,
reintroduziram restrições às ligações com o Reino Unido, incluindo o
encerramento de fronteiras.A Comissão Europeia adotou uma recomendação no sentido de haver uma
abordagem comum e harmonizada entre os 27 que garanta a continuidade do
transporte de mercadorias e permita o trânsito de cidadãos rumo aos seus
países de origem ou residência.“Embora
seja importante tomar rapidamente medidas preventivas temporárias para
limitar a propagação da nova estirpe do vírus e todas as viagens não
essenciais de e para o Reino Unido devam ser desencorajadas, as viagens
essenciais e o trânsito de passageiros devem ser facilitados. As
proibições de voos e ligações ferroviárias devem ser suspensas, dada a
necessidade de assegurar viagens essenciais e evitar ruturas na cadeia
de abastecimento”, defende Bruxelas.Recordando
que as regras da livre circulação continuam a aplicar-se ao Reino Unido
até 31 de dezembro – data em que expira o chamado ‘período de
transição’ do ‘Brexit’ -, a Comissão aponta que “tal significa que, por
princípio, os Estados-membros não devem recusar a entrada de pessoas em
trânsito desde o Reino Unido”.Nessa
medida, o executivo comunitário recomenda aos 27 que, à luz da situação
epidemiológica atual no Reino Unido, continuem a desencorajar todas as
viagens de e para aquele território até nova indicação, mas sustenta que
“todos os cidadãos da UE e do Reino Unido que rumem ao seu país de
origem ou de residência, assim como cidadãos de países terceiros que
gozem dos direitos de livre circulação na UE, devem ficar isentos de
mais restrições temporárias desde que se submetam a teste e quarentena”.
Relativamente aos trabalhadores com
funções essenciais, como é o caso de profissionais de saúde, a Comissão
recomenda que sejam sujeitos a testes, mas não a quarentenas, se
estiverem a exercer as suas funções essenciais.Bruxelas
aponta que, dada a necessidade de assegurar viagens essenciais e o
regresso de cidadãos aos seus países, “qualquer proibição de serviços de
transportes, tais como proibições de ligações aéreas ou ferroviárias,
devem ser suspensas”.A Comissão Europeia
destaca ainda a importância de manter sem interrupções os fluxos de
mercadorias, “quanto mais não seja para garantir a distribuição atempada
de vacinas contra a covid-19, por exemplo”.Nesse
sentido, defende que “o pessoal de transporte, dentro da UE, deve ser
isento de qualquer proibição de viajar através de qualquer fronteira e
de testes e requisitos de quarentena quando viaja através de uma
fronteira de e para um navio, veículo ou avião”.“Quando
um Estado-Membro, no contexto específico da situação entre a UE e o
Reino Unido e nos próximos dias, exigir testes rápidos de antigénios
para os trabalhadores dos transportes, tal não deverá conduzir a
perturbações no transporte”, aponta o executivo comunitário.O
comissário europeu da Justiça, Didier Reynders, comentou que, “embora
sejam necessárias medidas preventivas para conter a propagação da nova
variante do coronavírus”, devem ser “evitadas proibições gerais de
viagens que impeçam milhares de cidadãos europeus e britânicos de
regressar a casa”.Por seu lado, a
comissária europeia dos Transportes, Adina Valean, enfatizou que “é
crucial que, dentro da UE, os trabalhadores dos serviços de transportes
fiquem isentos de medidas restritivas, tais como quarentena e testes”,
pois é imperioso “manter as cadeias de abastecimento intactas”.Cerca
de um milhar de camionistas já passaram duas noites no interior dos
veículos parados no condado de Kent, sudeste de Inglaterra, à espera de
que a França reabra a fronteira do túnel do Canal da Mancha, encerrado
devido à pandemia de covid-19.De acordo com o Governo britânico, 945 camiões de vários países estão parados perto do porto de Dover.As
autoridades francesas decidiram no domingo à noite encerrar a fronteira
com o Reino Unido após a confirmação de uma nova variante de
SARS-CoV-2.