Bruxelas lança novo programa Erasmus+ que quer apoiar transição verde e digital

25 de mar. de 2021, 12:11 — Lusa/AO Online

“Existem poucos programas tão emblemáticos como este: no último Eurobarómetro, os cidadãos europeus classificaram-no como sendo o resultado mais positivo da UE após a livre circulação e a paz. É, portanto, simbólico que o Erasmus+ seja um dos primeiros programas que a Comissão lança no âmbito do novo Quadro Financeiro Plurianual”, afirmou, em conferência de imprensa, a comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel.Dotado de 26,2 mil milhões de euros, o programa Erasmus+ para 2021-2027 vê o seu valor ser quase duplicado relativamente ao período entre 2014 e 2020, em que tinha sido financiado com 14,7 mil milhões de euros. Com este orçamento reforçado, o programa de intercâmbio para estudantes continua a oferecer "oportunidades para períodos de estudo no estrangeiro, estágios, aprendizagens e intercâmbios" a "estudantes do ensino secundário, superior, ensino e formação profissional", mas pretende ser “novo e reformulado” relativamente aos anteriores, ao incluir uma vertente ecológica e digital, e ao procurar ser mais inclusivo. Frisando que a pandemia de covid-19 “exacerbou muitas desigualdades, sobretudo para os jovens”, Mariya Gabriel destacou que o “principio de solidariedade tem que ser a razão de ser da ação europeia”.“Estamos a trabalhar com organizações que representam e trabalham com pessoas que têm menos oportunidades de acesso ao programa [Erasmus+], de maneira a expandir a sua taxa de participação. Refiro-me a pessoas provenientes de meio socioeconómicos desfavorecidos, pessoas que vivem em meios rurais ou isolados, ou ainda pessoas com deficiências”, apontou. No que se refere à necessidade de aliar o Erasmus+ à transição digital que o executivo comunitário identificou como uma prioridade, Mariya Gabriel frisou que o programa irá ter um “papel essencial” na “preparação dos indivíduos e das organizações” para essa transição, contribuindo para “apoiar as competências dos professores, formadores e estudantes de todas as idades, para que façam uma utilização inteligente e responsável das ferramentas digitais”. “Iremos também reforçar as capacidades da Europa nos setores chave virados para o futuro, como a inteligência artificial, a robótica ou a engenharia ambiental”, referiu. De maneira também a favorecer o Pacto Verde Europeu – que prevê que a UE atinja a neutralidade carbónica em 2050 -, o Erasmus+ também irá ajudar a transição ‘verde’ do bloco.“O Erasmus+ irá oferecer incentivos financeiros aos participantes para que utilizem meios de transporte duráveis, como o comboio, e iremos também investir em projetos que tenham como objetivo sensibilizar [os participantes] para a proteção do ambiente e para trabalharem em ações concretas perante o desafio climático mundial”, apontou. O programa engloba mais os jovens, ao incluir agora a possibilidade para que os jovens de 18 anos obtenham “um passe ferroviário para viajar por toda a Europa, aprender com outras culturas e conhecer outros europeus”. Com a adoção do programa de trabalho anual hoje, podem começar a ser apresentadas as primeiras candidaturas ao novo programa Erasmus+. Lançado pela primeira vez em 1987, o programa Erasmus tornou-se Erasmus+ em 2014 de maneira a cobrir novos campos de atividade, como a formação profissional, educação de adultos ou intercâmbio de jovens, animadores de juventude e treinadores desportivos.Além da oferta de oportunidades de estudo ou de estágio no estrangeiro, o programa investe também em projeto de cooperação transfronteiriças, nomeadamente entre universidades, estabelecimentos de ensino ou organizações de juventude e desportivas.Segundo a Comissão Europeia, nas últimas três décadas, “mais de dez milhões” de europeus participaram no programa onde, além dos 27 países da UE, participam também a Islândia, Liechtenstein, Macedónia do Norte, Noruega, Sérvia e Turquia.