Bruxelas espera que Portugal reavalie exigência de teste aos passageiros na UE
Covid-19
2 de dez. de 2021, 17:26
— LUSA/AO Online
“Continua
a ser crucial assegurar a proporcionalidade de quaisquer medidas
tomadas e continuaremos a acompanhar de perto a situação e a
mantermo-nos em contacto com as autoridades portuguesas. Haverá
certamente a necessidade de uma avaliação das medidas num futuro muito
próximo”, indica em resposta escrita enviada à Lusa o porta-voz do
executivo comunitário para a área da Justiça, Christian Wigand.A
reação surge depois de, há precisamente uma semana, o Governo português
ter anunciado a imposição de um teste a todos os cidadãos que cheguem a
território nacional, isto apesar de o regulamento ao Certificado
Digital Covid-19 da UE não prever medidas adicionais para quem tem o
documento válido, como vacinados ou recuperados da doença.“Dada
a atual situação pouco clara e evolutiva com a nova variante [a
Ómicron], entendemos que as medidas notificadas por Portugal são um meio
de precaução”, acrescenta Christian Wigand, na resposta à Lusa.O
Governo português anunciou na passada quinta-feira novas medidas para
responder ao agravamento da pandemia de Covid-19 em Portugal, passando a
exigir a apresentação de um teste de diagnóstico com resultado negativo
a todos os passageiros que voem para Portugal, em vigor desde esta
quarta-feira, seja qual for o ponto de origem e seja qual for a
nacionalidade do passageiro. A medida aplica-se mesmo aos portadores do
Certificado Digital Covid-19 da UE.Esta
foi uma das medidas aprovadas pelo Conselho de Ministros da passada
quinta-feira, horas depois de a Comissão Europeia ter proposto um
reforço da coordenação sobre viagens na UE devido ao aumento de casos do
SARS-CoV-2, sugerindo que vacinados não sejam submetidos a restrições
adicionais e que não vacinados sejam mais testados, e de a comunidade
científica ter detetado a altamente mutante variante Ómicron.De
acordo com a Comissão Europeia, Portugal era, até ao início desta
semana, o único Estado-membro que exigia medidas adicionais aos
passageiros com o Certificado Digital Covid-19 da UE válido, após ter
sido também o país que promoveu a assinatura do regulamento sobre este
livre-trânsito para a livre circulação no espaço comunitário, durante a
presidência portuguesa da União, no primeiro semestre deste ano.Entretanto,
o executivo comunitário foi informado pela Irlanda da imposição de
“testes prévios à partida para todos os viajantes que chegam durante um
período de duas semanas, com início a 03 de dezembro”, avança Christian
Wigand à Lusa.Na resposta à Lusa, o
porta-voz lembra que o regulamento do Certificado Digital Covid-19 prevê
que “os Estados-membros se abstenham de impor restrições adicionais aos
detentores de certificado, a menos que sejam necessárias e
proporcionadas para salvaguardar a saúde pública em resposta à
pandemia”.“Quando os Estados-membros
decidirem impor restrições adicionais, por exemplo devido a uma nova
variante de preocupação, devem informar a Comissão e os outros
Estados-membros com 48 horas de antecedência”, recorda, falando na
necessidade de “preservar uma abordagem coordenada”.Numa
recomendação divulgada na semana passada, a Comissão Europeia sugeriu
uma “abordagem baseada na pessoa”, prevendo que quem tenha “um
Certificado Covid-19 Digital da UE válido não seja, por princípio,
sujeito a restrições adicionais, tais como testes ou quarentena,
independentemente do seu local de partida” na União.Por
seu lado, “as pessoas sem um Certificado Covid-19 Digital da UE podem
ser obrigadas a submeter-se a um teste realizado antes ou depois da
chegada”, propôs a instituição aos Estados-membros, aos quais cabe a
decisão final sobre viagens.