Bruxelas desvenda plano para atingir metas climáticas e manter liderança mundial
14 de jul. de 2021, 15:24
— Lusa/AO Online
Depois
de, em abril, o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia (UE)
terem aprovado a Lei Europeia do Clima – que consagra, na legislação do
bloco, um corte de, pelo menos, 55% das emissões até 2030, e o objetivo
de atingir a neutralidade carbónica até 2050 – o pacote apresentado, intitulado 'Fit for 55', visa rever regulamentos antigos e
fazer novas propostas legislativas para garantir que a UE atinge os seus
objetivos.Entre
as medidas que constam no pacote legislativo, o executivo comunitário
propõe o fim da venda de automóveis que funcionem a gasolina e gasóleo a
partir de 2035, ao estabelecer novos limites para as emissões de CO2 no
setor.Para
tal, e de maneira a garantir que, até 2050, o parque automóvel europeu
deixe de produzir emissões de gases com efeito de estufa, a Comissão
Europeia propõe também que os Estados-membros expandam a capacidade de
carregamento de baterias, através da instalação de pontos de recarga a
cada 60 quilómetros nas principais autoestradas dos Estados-membros para
carros elétricos, e de 150 quilómetros para os carros a hidrogénio. Além
disso, o pacote ‘Fit for 55’ propõe também a criação de um Mecanismo de
Ajustamento das Emissões de Carbono nas Fronteiras (CBAM, na sigla em
inglês), que irá estabelecer um imposto sobre o carbono a um conjunto de
produtos – cimento, ferro e aço, alumínio, fertilizantes, eletricidade –
que sejam importados para o mercado europeu. Em
comunicado de imprensa, o executivo comunitário frisa que o objetivo do
CBAM é o de “garantir que a redução de emissões europeia contribui para
um declínio global das emissões, em vez de empurrar a produção
intensiva em carbono se desloque para fora da Europa”. A
Comissão pretende ainda criar um novo mercado de carbono, semelhante ao
que já existe através do Regime de Comércio de Licenças de Emissão da
UE (RCLE-UE), mas que vise agora o setor dos transportes e dos
edifícios.Este
novo mercado de carbono irá nomeadamente obrigar os fornecedores de
combustíveis para os dois setores em questão a comprarem “licenças para
poluir” de maneira compensarem as emissões que produzem.Para
mitigar os efeitos que esta medida trará - e que algumas organizações
não-governamentais (ONG) e eurodeputados consideram poder provocar uma
resposta semelhante à dos “Coletes Amarelos” em França -, a Comissão
Europeia propõe também a criação de um novo Fundo Social para o Clima,
composto por 72,2 mil milhões de euros, e que visa “fornecer
financiamento aos Estados-membros para ajudar os cidadãos a fazer
investimentos na eficiência energética, em novos sistemas de aquecimento
e de refrigeração, e em mobilidade mais ‘verde’”. Além
disso, o pacote legislativo prevê ainda novas medidas para o setor da
aviação: além de, a partir de 2023, querer criar um imposto sobre o
querosene para todos os voos com proveniência da UE, o executivo
comunitário prevê ainda que as companhias aéreas passem a abastecer-se
com base numa mistura que inclui biocombustíveis. Em
conferência de imprensa de apresentação do pacote, a presidente da
Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a “Europa é agora o
primeiro continente a apresentar uma arquitetura abrangente" que
corresponde às "ambições climáticas" da UE.“Tínhamos
um objetivo, e agora apresentamos o roteiro para chegarmos lá. Este
pacote procura combinar a redução das emissões com medidas para
preservar a natureza, e para colocar o emprego e o equilíbrio social no
cerne desta transformação”, afirmou Von der Leyen.O
conjunto das propostas passará agora para o Parlamento Europeu (PE) e
para o Conselho da União Europeia, que representa os Estados-membros,
que entrarão em negociações interinstitucionais, um processo que se
prevê que deverá demorar vários meses.