Bruxelas concluiu preparativos para saída desordenada do Reino Unido
Brexit
25 de mar. de 2019, 11:48
— Lusa/AO Online
“Visto
que é cada vez mais provável que o Reino Unido saia da União Europeia
sem um acordo em 12 de abril, a Comissão Europeia concluiu hoje os seus
preparativos para esse cenário”, anunciou o executivo comunitário, em
comunicado.Paralelamente, a Comissão
continua a acompanhar os preparativos a nível das administrações e insta
todos os cidadãos e empresas da UE a informarem-se sobre as
consequências de um eventual cenário de ausência de acordo e a
concluírem os seus preparativos para esta eventualidade. “Embora o cenário de ausência de acordo não seja desejável, a UE está preparada para lhe fazer face”, ressalva a nota.O
Conselho Europeu concordou na quinta-feira com uma extensão do Artigo
50.º até 22 de maio, desde que o Acordo de Saída seja aprovado pela
Câmara dos Comuns até sexta-feira.Se tal
não acontecer, a UE a 27 estipulou uma prorrogação até 12 de abril e
disse que esperava que o Reino Unido indicasse um caminho a seguir antes
dessa data para a consideração dos líderes europeus.“Embora
a UE continue a esperar que tal não aconteça, se o Acordo de Saída não
for ratificado até sexta-feira, 29 de março, o cenário de ausência de
acordo poderá concretizar-se em 12 de abril. A UE preparou-se para este
cenário e manteve-se unida durante todos os seus preparativos. É crucial
que todos estejam cientes e preparados para as consequências práticas
que a ausência de acordo implica”, insiste Bruxelas.Em
caso de ausência de acordo, o Reino Unido tornar-se-á um país terceiro,
sem qualquer regime transitório, lembra o executivo comunitário,
indicando que todo “o direito primário e secundário da UE deixará de ser
aplicável ao Reino Unido a partir desse momento” e que o período de
transição previsto no Acordo de Saída não terá lugar, “o que implicará
perturbações significativas para os cidadãos e para as empresas”. Num
tal cenário, as relações do Reino Unido com a UE serão regidas pelo
direito internacional público geral, incluindo as regras da Organização
Mundial do Comércio, e a UE será obrigada a aplicar de imediato as suas
regras e tarifas nas fronteiras com o Reino Unido, “incluindo
verificações e controlos aduaneiros, sanitários e fitossanitários e a
verificação da conformidade com as normas da UE”. “Não
obstante os consideráveis preparativos das autoridades aduaneiras dos
Estados-Membros, estes controlos poderão causar atrasos significativos
na fronteira”, alerta. Bruxelas recorda
ainda que as entidades do Reino Unido deixarão também de ser elegíveis
para receber subvenções da UE e participar nos procedimentos de
adjudicação de contratos da UE segundo os termos atuais e que, do mesmo
modo, os cidadãos do Reino Unido deixarão de ser cidadãos do bloco
comunitário e serão objeto de controlos adicionais aquando da passagem
das fronteiras para a UE. “Como referido,
os Estados-Membros efetuaram preparativos consideráveis a nível dos
portos e aeroportos para assegurar que esses controlos são efetuados de
forma tão eficiente quanto possível. Ainda assim, poderão verificar-se
atrasos”, assume Bruxelas.Até à data, a
Comissão Europeia apresentou 19 propostas legislativas, das quais 17
foram adotadas ou acordadas pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, e
publicou 90 notas setoriais específicas sobre os preparativos para o
‘Brexit’, que fornecem orientações pormenorizadas para os diferentes
setores afetados pela saída do Reino Unido da UE.